A chuva voltou ao Rio Grande do Sul neste começo de semana. O retorno da instabilidade se deu ainda durante a madrugada pelo interior com temporais isolados que trouxeram queda de raios e ainda granizo isolado. Granizo que caiu na madrugada de hoje em Giruá.
Fortes áreas de instabilidade com chuva forte se formaram na madrugada desta segunda no Noroeste do estado. As nuvens carregadas na região, que chegaram a ter temperatura de 33ºC a 34ºC na tarde do domingo, trouxeram muitas descargas atmosféricas e queda de granizo, em municípios como Santa Rosa e Giruá.
Apesar de chuvas mais intensas em algumas regiões do Estado, a maior parte do Rio Grande do Sul tem o clima estável. Desta vez, a situação se agrava mais nos nossos “vizinhos”. Após Santa Catarina lidar com as enchentes, os moradores do Paraná sofrem com os altos volumes de chuva. Aqui do lado, o Uruguai registra enchentes por todo o país e a Argentina marca climas extremos com neve em alguns pontos e calor com temperaturas altíssimas em outros.
Paraná
As Cataratas do Iguaçu estão com vazão de 24,2 milhões de litros d’água por segundo nesta segunda-feira, 30. Isso é efeito da chuva extrema que atingiu o Paraná e o Nordeste da Argentina nos últimos dias com acumulados de até 360 mm. É a maior vazão dos últimos anos, informa o parque nacional.
A vazão média normal é de 1,5 milhão de litros por segundo. A menor observada foi durante a seca em abril de 1979 com 100 mil litros por segundo. A maior de 46,3 milhões de litros por segundo em 2014. No Super El Niño de 1983, a medição indicou 35 milhões de litros por segundo. Por medida de segurança, apenas a passarela que dá acesso ao mirante da Garganta do Diabo segue interditada.


A equipe técnica da concessionária Urbia Cataratas, que faz a gestão do Parque Nacional do Iguaçu, e o ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade), órgão que administra a unidade de conservação, seguem monitorando e avaliando em tempo real a situação do Rio Iguaçu, na região das Cataratas do Iguaçu. No lado argentino, uma passarela foi arrastada pelas águas, mas estava interditada.
Uruguai
A cheia do Rio Uruguai ainda deixa centenas de pessoas fora de casa no Oeste do Uruguai. De acordo com o último balanço oficial divulgado em Montevidéu, mais de 1.900 pessoas deixaram as suas casas devido às enchentes em Artigas, Paysandú e Salto.
Segundo o Sistema Nacional de Emergência (Sinae), equivalente da Defesa Civil uruguaia, há 188 pessoas desabrigadas e 1.715 desalojadas em todo o Uruguai. São 1.241 em Paysandú, 533 em Salto e 156 em Artigas.
A situação mais grave persiste em Paysandú. O nível do rio subiu pouco mais de um metro acima do nível de segurança que se situa nos 6,50 metros”. As pessoas desabrigadas estão alojadas em dois centros de evacuação: Liceo 1 e o abrigo Santa Elena.


Em Salto, o rio continuou a baixar, ainda acima do nível de segurança, que é de 12,20 metros. No departamento, os 150 desabrigados incluem 54 famílias, enquanto os 383 desalojados são de 141 famílias. Os desabrigados estão alojados em três centros de evacuação: o “Centro de Alojamento Transitório 1” (antigo jardim zoológico), o “Centro de Alojamento Transitório 2” e o Lar de Idosos, afirma o Sinae.
Por outro lado, em Artigas, o número de desalojados e desabrigados permanece o mesmo há alguns dias. No departamento que faz fronteira com o Rio Grande do Sul, o rio continua a descer, porém ainda acima do nível de segurança que está estabelecido em 6,30 metros. Os desabrigados seguem em dois centros.
O relatório do Sinae afirma que a empresa de energia UTE notificou sobre cortes no fornecimento de luz por “razões de segurança” devido à subida do rio Uruguai. As cidades afetadas por cortes preventivos de energia foram Bella Unión, Salto e Paysandú.
Argentina
A Argentina enfrentou toda uma série de eventos meteorológicos extremos no fim de semana e durante as últimas horas com frio polar, nevasca intensa e incomum para os padrões do fim de outubro, chuva extrema com inundações e calor opressivo que chegou a 43ºC.
No Sul do país, na Patagônia, uma grande tempestade de neve com acumulações muito altas para esta época do ano atingiu uma extensa área da província de Neuquén. Cidades como San Martin de los Andes e Villa La Angostura se viram cobertas por uma grande quantidade de neve.
As condições ficaram precárias nas estradas pela grande quantidade de neve e gelo nas pistas. A Polícia Rodoviária informou que o trânsito na Rota Nacional 40 entre Villa La Angostura e San Martín de los Andes foi bloqueado. Com más condições meteorológicas, as passagens fronteiriças para o Chile de Pino Hachado e Cardenal Samoré permanecem fechadas. Há acúmulo de neve nas estradas, vento branco e formação de gelo.


No Nordeste da Argentina, tempo severo e inundações. Tempestades de vento e granizo atingiram a província de Misiones com danos. Choveu muito ainda na província. Na cidade de Oberá, o acumulado em 24 horas até 9h desta segunda-feira foi de 102 mm. Há alagamentos e inundações em Misiones.
Em províncias mais ao Norte e no Noroeste da Argentina, o calor é opressivo. As máximas do domingo atingiram 43,0ºC em Rivadavia; 41,2ºC em Orán; 41,0ºC em Santiago del Estero; e 40,6ºC em Las Lomitas.
Por que extremos tão radicalmente distintos na Argentina ao mesmo tempo? A resposta passa pela geografia. O território argentino tem uma grande extensão de Norte para Sul e o clima do Norte sofre a influência de ar tropical, enquanto o do Sul o de massas de ar frio da Antártida.
Ontem, uma grande massa de ar frio avançava do Pacífico Sul para o Sul do Chile e o Sul da Argentina com temperatura muito baixa, o que com instabilidade atmosférica trouxe a neve à Patagônia. Na mesma hora, uma massa de ar quente atuava do Centro para o Norte do país, proporcionando calor e temporais com chuva intensa, onde havia maior umidade com uma área de baixa pressão.
Fonte: MetSul