A hora é de brindar! A hora é de celebrar! A caminhada chega ao fim, com a marca dos 200 anos da imigração alemã no Brasil! Hora de comemorar o 25 de julho, seja com chope, seja com chimarrão. Pode ser com um churrasco ou com uma cuca coberta de nata.
Tanto faz se for no kerb ou no vaneirão. Gaúchos e alemães, todos juntos e misturados, mesclando tradições, hábitos e culturas de lá e de cá. Mas, pensando bem, será que minha premissa que começo esta crônica é verdadeira? A caminhada chega ao fim?
Pensando e refletindo sobre o que comecei a escrever, acredito que seja interessante rever conceitos, afinal a caminhada está longe de chegar ao fim e, muito antes pelo contrário, está apenas começando. As celebrações, as palestras, os festejos, esses sim, podem chegar ao fim. Foram muitos, não no ritmo que imaginávamos em função da tragédia climatológica que se estabeleceu em nosso Estado, mas mesmo assim não faltaram encontros festivos.
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Agora, a caminhada será no intuito de trazer à tona e implementar tudo o que foi debatido, no rumo dos próximos 200 anos. É evidente que o leitor para e pensa, concluindo ser impossível qualquer planejamento para daqui 200 anos. Óbvio. E não falo nisso. Porém, para olhar 200 anos à frente, precisamos começar olhando 20 anos, talvez 10, no mínimo oito anos além dos nossos dias.
Essencial que começássemos a pensar em políticas de estado e não de governo, onde as estratégias mirassem no longo prazo, independente de quem estiver no poder. A Alemanha pode nos inspirar quando observamos seus trens e suas estradas. Seu sistema de aprendizado. Suas apostas tecnológicas e sua visão de meio ambiente.
Sim, não resta dúvida de que a Alemanha não é um paraíso, longe de querer vender essa imagem a você, leitor. Basta lembrar que uma das maiores chagas da humanidade teve berço na Alemanha e que ainda hoje gera vergonha entre seu povo.
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Mas há muito que aprender: burrice não enxergar isso. Costumo dizer que em países desenvolvidos como a Alemanha, a maioria das coisas dão certo e algumas dão errado, enquanto que em países em desenvolvimento a proporção se inverte, com algumas coisas dando certo e a maioria dando errado. Triste realidade, porém verdadeira.
Então, os 200 anos deveriam servir para olharmos nos próximos 20 anos de nosso Estado, com investimentos na infraestrutura, na tecnologia e na educação. Como consequência desses investimentos, a saúde e a segurança evoluiriam naturalmente. Afinal uma pessoa educada se cuida mais e procura menos a violência.
Sim, sou ingênuo ao acreditar que uma política de estado prescinde que um político do partido A, ao suceder o político do partido B, mantenha determinadas diretrizes, por indicar um caminho idealizado pela maioria do povo. Minha ingenuidade esquece que acontece exatamente o contrário: quem vence, muda tudo, afinal, os tempos são de oito ou oitenta, de amar ou odiar, sendo impossível pedir composições: isso é ser “muraldino”. Que visão pequena, me perdoem os que assim pensam.
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Assim, fico na torcida para que o 25 de julho de 2024 possa mostrar um início de uma nova caminhada, da mesma forma que o 25 de julho de 1824. Era impossível aventurar-se em matas inóspitas e construir metrópoles como as que vivemos hoje e, não resta dúvida, que o impossível ficou para trás, com o passar dos anos.
Cabe a este colunista provocar aos leitores de O Vale (outro desafio que entre dez questionados, nove certamente diriam… “duvido que chegue até 25 de julho de 2024”…, não é, caríssimo Rodrigão?) para que construamos um novo amanhã.
Pensar no médio e longo prazo, o principal legado que esperaria da data dos 200 anos da Imigração Alemã. E viva o chopp; viva o chimarrão!
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