No próximo dia 21 de dezembro inicia uma estação amada pelos brasileiros, ainda que haja divergência. Mas o verão tem sim característica de vida mais solta e brilhante, com corpos mais expostos. Pois é nesta postura de se jogar no sol que reside um perigo, embora o Câncer de Pele seja consequência de exposição sem cuidado ao longo do ano inteiro, em qualquer hora do dia e até mesmo na sombra.
Inclusive este é o tipo mais comum da doença no Brasil, representando cerca de 33% de todos os diagnósticos oncológicos. Segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), são estimados mais de 220 mil novos casos anuais, sendo cerca de 85% do tipo ‘Não Melanoma”, geralmente menos agressivo; e 15% do tipo “Melanoma”, conhecido por sua letalidade.
Causador é invisível
Os números chamam a atenção, mas ainda assim, o problema não é tratado com a seriedade que merece. A principal causa, a exposição excessiva aos raios ultravioleta (UV), pode ser prevenida com medidas simples, como o uso diário de protetor solar e a adoção de hábitos de proteção, como evitar o sol nos horários de pico.
“Vivemos em um país tropical, com alta exposição solar durante todo o ano, mas ainda falta conscientização sobre os riscos do câncer de pele. Medidas preventivas básicas podem salvar vidas, e precisamos reforçar essa mensagem constantemente”, afirma Rodrigo Perez Pereira, líder nacional da especialidade pele da Oncoclínicas.
Diagnóstico precoce
Uma das principais armas contra o Câncer de Pele é o diagnóstico precoce. Quando identificado em estágios iniciais, o tratamento é mais simples e eficaz, com chances de cura que podem ultrapassar 90%, segundo a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD).
Além disso, populações específicas, como trabalhadores rurais, pescadores e pessoas de pele clara, estão mais vulneráveis devido à exposição solar acumulada ao longo dos anos. No entanto, o oncologista alerta que o câncer de pele não discrimina e pode atingir qualquer pessoa, independentemente da cor da pele ou do estilo de vida.
Observe seu corpo
Infelizmente, no entanto, muitos casos ainda são descobertos tardiamente, certas vezes porque os sinais podem ser confundidos com lesões benignas. “Uma pinta que muda de cor, um machucado que não cicatriza ou uma mancha com bordas irregulares podem ser sinais de alerta. O tempo é um fator decisivo na luta contra o câncer de pele”, explica Pereira.
O especialista orienta ainda que a regra do ‘ABCDE’ é uma ferramenta simples, mas muito útil para reconhecer sinais suspeitos que merecem atenção:
- Assimetria: quando uma metade da lesão é visivelmente diferente da outra.
- Bordas: lesões com contornos irregulares ou mal definidos.
- Cor: manchas ou pintas que apresentam mais de uma tonalidade, como variações entre preto, marrom, vermelho, azul, cinza ou outras cores.
- Diâmetro: lesões maiores que 6 mm devem ser analisadas com atenção.
- Evolução: qualquer alteração no tamanho, forma ou cor ao longo do tempo é um sinal de alerta.
Desinformação nas redes sociais
O aumento do uso das redes sociais trouxe benefícios inegáveis, como o acesso mais rápido a informação. No entanto, também ampliou a disseminação de fake news e práticas perigosas, especialmente no campo da saúde. Um exemplo recente é a tendência de aplicar protetor solar apenas em algumas áreas do rosto para criar um “contorno natural”. Embora pareça inofensivo, essa prática expõe áreas desprotegidasaos raios UV, aumentando o risco de queimaduras, manchas, envelhecimento precoce e, principalmente, Câncer de Pele.
Pessoas negras também têm câncer
Há ainda a ideia equivocada de que pessoas de pele escura estão imunes ao câncer de pele. Embora a maior quantidade de melanina ofereça uma proteção natural, o risco não é inexistente. Nessas populações, o câncer de pele pode surgir em áreas menos pigmentadas, como palmas das mãos, solas dos pés e mucosas, e muitas vezes é diagnosticado tardiamente. “É essencial desconstruir o mito de que a pele mais escura é invulnerável. O diagnóstico tardio em populações negras ocorre frequentemente porque a suspeita é baixa. Precisamos mudar essa realidade com mais informação e acesso à saúde”, afirma Perez.
Saiba o que fazer para prevenir o câncer de pele:
- Use protetor solar diariamente, mesmo em dias nublados, com FPS 30 ou superior.
- Reaplique o protetor a cada duas horas ou após contato com água.
- Evite a exposição ao sol entre 10h e 16h, quando os raios UV são mais intensos.
- Use acessórios de proteção, como chapéus, óculos de sol com proteção UV e roupas de manga longa, idealmente também com proteção UV.
- Fique atento a sinais na pele, como pintas que mudam de tamanho, cor ou formato.
- Consulte um dermatologista regularmente, especialmente se tiver histórico familiar de câncer de pele.
*para mais informações, acesse: https://cuidarsemlimites.com.br/verao-laranja/