Tradicional empresa de Campo Bom decide encerrar suas atividades, afetada pela constante queda do dólar
O drama calçadista está fazendo mais uma vítima no Vale do Sinos. Em Campo Bom, o assunto que domina as conversas é o fechamento da Reichert Calçados, tradicional empresa da cidade que deve confirmar nos próximos dias o encerramento das suas atividades.
A queda constante do dólar vem fazendo diversas empresas que trabalham com exportação de calçados a trabalhar com prejuízo. Negócios fechados com o exterior para venda de pares levavam em conta o dólar na casa dos R$ 2,20, mas acabam agora sendo concretizados a R$ 1,93, resultando em evidente perda para as empresas.
A crise tem se agravado a cada dia. De janeiro a março deste ano, o país deixou de exportar 7,5 milhões de pares de calçados, comparado ao mesmo período do ano passado. A queda foi de 13%.
O baixo dólar seria um dos motivos que levariam a Reichert a fechar as portas. Segundo especialistas, a situação também pode abrir um precedente preocupante para a cadeia calçadista como um todo. Isto porque a Reichert é uma das grandes empresas do segmento no Estado e sua saída do mercado poderia encorajar outras fábricas a tomarem o mesmo rumo.
Segundo o Sindicato dos Sapateiros de Campo Bom, de oficial há a previsão de aviso prévio em 4 de junho para cerca de 75 funcionários do setor de modelagem da empresa. Já no Sindicato das Indústrias Calçadistas não há uma informação concreta sobre fechamento da empresa.
Na própria Reichert não se fala sobre o assunto. Uma funcionária informou por telefone que não era possível falar com os diretores, que não compareceriam na empresa nas tardes de sexta-feira.
Outro funcionário ouvido pela reportagem do novohamburgo.org, que trabalha há cinco anos na empresa e cujo pai ali atuou por três décadas, contou que dentro da empresa há um clima triste. Ele diz que vai trabalhar normalmente na segunda-feira, pois há pedidos para serem entregues. Porém, não escondeu a preocupação e o abatimento.
“Se perder o emprego vou ter que bater de porta em porta. Existe emprego? Existe, mas muito pouco. Em Campo Bom já quebraram quase todas empresas de calçado que ainda existiam”, diz, ressaltando que o dólar baixo é o principal motivador do drama.
Outra informação que surgiu foi sobre a possibilidade de venda dos prédios da Reichert para a instalação da Tramontina em Campo Bom, também não confirmada.
Com filiais em outras cidades, há uma divergência sobre o número total de empregados da empresa. Segundo o Sindicato dos Sapateiros seriam quase 800. Já o funcionário ouvido pela reportagem garante que não chegam a 300 empregados. Há informações ainda que dão conta de que seriam três mil trabalhadores, contando com as filiais.