Educadora e escritora de Ivoti, Bruna Ody de Almeida recebeu o Prêmio Nacional de Educação e lançou um livro infantil que estimula crianças e professores a valorizarem as diferenças. Com sua irmã gêmea, Larissa, ela percorre escolas levando histórias de amor, inclusão e fé.
Natural de Ijuí e radicada em Ivoti, no coração do Vale do Sinos, a professora Bruna Ody de Almeida é um exemplo de como a educação pode mudar o mundo a partir dos pequenos gestos. Formada em magistério pelo Instituto Ivoti e em pedagogia pela UNIP, ela atua há mais de dez anos na educação infantil, dedicando-se a alunos de 4 e 5 anos. Em 2022, foi reconhecida com o Prêmio Nacional de Educação, por um projeto que resgatava valores como empatia, solidariedade e respeito — temas que também inspiraram o livro infantil “E se todo mundo for igual?”, lançado recentemente e já presente em eventos literários pelo país.
Em entrevista ao programa Conversa de Peso, da Vale TV, com Rodrigo Steffen, Bruna falou sobre a paixão pela docência, o trabalho em dupla com a irmã gêmea, a fé que orienta seus projetos e o sonho de fundar uma escola baseada em amor, princípios e valores cristãos.
Da infância criativa ao propósito de ensinar
Desde pequena, Bruna já sonhava em ser professora. “Brincava de dar aula com minha irmã e meu irmão”, relembra. Filha de Luis Fernando e Taise, cresceu em um ambiente simples e criativo, onde a imaginação era o principal brinquedo. A convivência com a irmã gêmea, Larissa, foi essencial para formar sua identidade.
“Eles sempre tentavam nos colocar em turmas separadas na escola, mas a gente acabava se juntando de novo. Uma completa a outra”, conta. Enquanto Bruna Ody de Almeida idealiza e cria, Larissa é quem ajuda a transformar ideias em realidade. “Eu penso, ela faz. A gente funciona juntas”, resume.
Quando a família se mudou de Juiz para Ivoti, as duas tinham apenas dez anos. “Nosso tio já morava aqui e conseguiu um emprego pro pai. Viemos todos juntos e encontramos em Ivoti nossa nova casa”, lembra. Foi ali que Bruna iniciou sua formação no Instituto Ivoti, referência nacional em educação. “O Magistério era um sonho. Minha mãe nos incentivou muito. Íamos a pé todos os dias até a escola pra ver o resultado das bolsas. Quando saiu a aprovação, foi uma festa.”
A professora que inspira com amor e fé
A trajetória de Bruna Ody de Almeida é marcada pela união entre educação e espiritualidade. Ela recorda com emoção o momento da conversão religiosa, quando encontrou um novo propósito de vida. “Na igreja de Lindolfo Collor, começamos a trabalhar com crianças carentes. Fazíamos jantares, brechós, doávamos roupas e ensinávamos a Palavra. Esse contato despertou em mim o desejo de levar amor para fora da igreja, para as escolas, para o mundo.”
A fé, segundo ela, está na base de tudo. “É fácil amar quem nos ama. Difícil é amar quem está distante, quem precisa de atenção. Mas é isso que faz a diferença”, afirma.
O projeto que a levou ao Prêmio Nacional de Educação
Durante a pandemia, Bruna criou um projeto inovador com sua turma de educação infantil, inspirado na paixão das crianças por super-heróis. “Eles amavam os super-heróis. Um dia, atravessando a rua, um policial parou o trânsito e ligou as luzes da viatura para eles passarem. A partir disso, surgiu a ideia de descobrir quem eram os super-heróis da vida real.”
A partir dessa vivência, nasceu o projeto “Nossos Heróis da Vida Real”, que envolveu policiais, bombeiros, médicos e professores, promovendo atividades de empatia e solidariedade. As crianças arrecadaram alimentos e doaram ao Hospital São José de Ivoti.
O projeto foi inscrito por incentivo das diretoras da escola e acabou recebendo reconhecimento nacional. “Foi muito especial. Um trabalho simples, mas cheio de amor. Mostrou que é possível fazer educação com propósito, mesmo nas pequenas ações.”
“E se todo mundo for igual?” — o livro que convida à reflexão
O sucesso do projeto inspirou o primeiro livro infantil de Bruna, “E se todo mundo for igual?”, escrito em parceria com a irmã Larissa. A história nasceu de rodas de conversa em sala de aula e propõe uma reflexão sobre a diversidade.
“O livro se passa em uma cidade onde tudo e todos são iguais. As crianças começam a perceber como seria chato viver assim. A ideia é fazer com que elas valorizem as diferenças e entendam que é justamente isso que nos torna únicos e especiais”, explica.
O livro, viabilizado por meio da Lei Aldir Blanc de Lindolfo Collor, já circula em escolas da região e será destaque na Feira do Livro de Ivoti e outros eventos regionais e nacionais. “Queremos alcançar professores, pais e alunos. A mensagem é simples, mas transformadora.”
Em cada visita às escolas, Bruna e Larissa levam dinâmicas lúdicas e debates sobre o respeito às diferenças. “Mandamos um recado antes: ‘Hoje é dia de usar vermelho’. Quando chegam, todos estão iguais. E então perguntamos: ‘E se fosse sempre assim?’ É um jeito divertido de fazer pensar.”
A maternidade e o sonho de uma escola
Casada com Luciano (Júnior) e mãe da pequena Helena, Bruna Ody de Almeida vive intensamente a maternidade, que considera um complemento do seu papel como educadora. “Ser mãe me tornou uma professora melhor. Aprendi a olhar cada criança com o mesmo carinho com que olho para minha filha.”
Ao lado da irmã, ela sonha fundar uma escola baseada em princípios e valores cristãos, com foco na educação infantil. “Queremos formar uma equipe que ame o que faz. As crianças aprendem pelo exemplo — e o exemplo arrasta. O professor que ensina com amor deixa marcas que duram para sempre.”
O projeto se inspira na Escola Príncipe da Paz, ligada à igreja que ela frequenta em Novo Hamburgo, que abrirá turmas de ensino fundamental em 2026. “Nosso sonho é complementar com a educação infantil, criando um ambiente onde o conhecimento e a fé caminhem juntos.”
LEIA TAMBÉM: 18ª Feira das Flores, em Ivoti, já tem programação confirmada
Reconhecimento e futuro
Mesmo com a rotina de mãe, professora e escritora, Bruna continua expandindo seus horizontes. “Receber o prêmio e lançar o livro me mostraram que vale a pena acreditar. Quero continuar inspirando outras pessoas, mostrando que dá pra fazer diferente.”
Sua próxima meta é transformar o livro em um projeto itinerante, levando palestras, oficinas e formações para educadores da região. “Educar é plantar sementes. Às vezes, não vemos a flor desabrochando, mas sabemos que ela vai florescer.”
Bruna também se prepara para novas participações em eventos literários e educativos. “Cada escola que visitamos é um pedacinho do sonho que se realiza. Quando uma criança entende o valor da empatia, o mundo inteiro melhora um pouco.”