Conheci Ivoti na década de 1990, na época com 14 anos de idade, ainda estudante do Ensino Fundamental. Fui apresentada à cidade por uma querida amiga que, assim como eu, queria ser professora, e via na escola da cidade, o Instituto Ivoti, uma excelente oportunidade para a realização de nossos sonhos.
Com certeza, na época, ela não imaginava que a instituição de ensino seria não somente o meu local de formação, como também o meu trabalho, e Ivoti passaria a ser meu lar.
Adaptar-se à cidade foi algo natural para mim, descendente de família alemã. Cresci cultivando tradições dos imigrantes como a música, a culinária e o dialeto, falado por meus pais e avós.
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Sempre me chamou a atenção os aspectos da cultura alemã presentes na cidade, dentre eles as casas históricas no estilo enxaimel.
Conheci o Núcleo de Casas Enxaimel enquanto ainda era estudante de magistério, numa visita cujo objetivo era nossa preparação para a docência – conhecer a história do município onde iríamos atuar.
Naquela época, as casas enxaimel não estavam restauradas e o núcleo ainda não era um espaço gastronômico, de eventos, como atualmente. Mesmo assim, sempre gostei do local, pois, além de bonito e de ser uma memória viva da vida de muitos imigrantes alemães da região, também me lembrava um pouco da casa, da vida de meus avós e bisavós, especialmente os maternos, que vieram da Alemanha, mas que não pude conhecer.
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O núcleo de Ivoti é um dos maiores conjuntos de casas enxaimel do país. É um local aconchegante, preservado para visitação, perfeito para um passeio em família, para tomar um chimarrão e descansar da rotina do dia a dia. É um pequeno refúgio, próximo à cidade e de fácil acesso. Olhar para essa arquitetura histórica, com estrutura de madeira, fixada através de encaixes e pregos de pau, e vedada com barro, construída com muito trabalho e a muitas mãos, e imaginar como foi a vida de quem ali residiu é um privilégio.
Preservar e valorizar a cultura alemã é algo que o município de Ivoti faz muito bem e, sem dúvida, o Núcleo de Casas Enxaimel é um dos meus lugares favoritos na cidade das flores!
*Por Bárbara Mengue
Professora e coordenadora pedagógica do Ensino Médio do Instituto Ivoti