Uma nova polêmica. Conversas de criminosos orientando parceiros ou conhecidos a inventarem acusações contra policiais militares e civis, com o objetivo de que os agentes sejam removidos dos postos, colocaram autoridades em alerta. Há suspeita de que estratégia semelhante esteja sendo usada em várias cidades, inclusive em Novo Hamburgo, para livrar suspeitos da prisão quando eles comparecem a audiências de custódia. Ou seja, os presos alegariam agressões ou ilegalidades durante a captura para serem soltos ou para desencadearem investigações, por parte das corregedorias, contra os policiais envolvidos nas ações de combate ao crime organizado. O caso foi revelado hoje pelo repórter Giovani Grizotti, no Jornal do Almoço.
A Corregedoria da Brigada Militar recebeu 255 queixas contra policiais desde 27 de junho, quando começou a funcionar em Porto Alegre o Núcleo de Gestão Estratégica do Sistema Prisional (Nugesp) — um local onde presos e policiais são ouvidos por juízes para verificar a legalidade da prisão, logo que ela acontece.
O que preocupa as cúpulas da BM e da Polícia Civil é que o mesmo tipo de armação esteja sendo usado por criminosos para tentar liberdade durante audiências de custódia ou fazer com que agentes envolvidos nas ações sejam investigados por supostas agressões ou ilegalidades durante a captura. A Ugeirm Sindicato, que representa os policiais civis, também está sendo mobilizada diante das denúncias. “Isso nos causa uma apreensão muito grande. Parece ser uma coisa orquestrada, um processo todo combinado no sentido de denunciarem os policiais por arbitrariedade”, afirmou o vice-presidente da entidade dos policiais civis, Fábio Castro.
Em um caso, em Porto Alegre, como mostrou o repórter Giovani Grizotti, um preso por tráfico de drogas no centro ganhou medida protetivs da polícia: policiais não podiam se aproximar dele, nem de seus familiares.
Em Novo Hamburgo, houveram dois casos: o primeiro, foi quando 93 kg de Cocaína, avaliados em 6 milhões de reais foram apreendidos. Um trio de traficantes foi preso. Ele foram soltos no mesmo dia alegando violência policial.
Em outro, a reportagem teve acesso: guardas municipais prenderam um bandido que havia roubado um idoso no bairro São José. Ele foi solto no mesmo dia, e um ofício a Corregedoria da guarda encaminhado.
Em relação a denúncia de alguns integrantes das forças policiais quanto à liberação de presos no Nugesp, em audiências de custódia, a Ordem gaúcha entende que trata-se de fato que deve ser apurado com a maior brevidade possível para a garantia da Segurança Pública da sociedade rio-grandense”, declarou o presidente da OAB/RS, Leonardo Lamachia, em nota oficial.
“Estamos acompanhando”, garantiu o dirigente, assegurando que as supostas agressões contra os presos são infundadas. “Precisamos esclarecer e colocar isso em pratos limpos. Não podemos colocar em risco a vida funcional dos policiais, que fazem um trabalho excelente. Nos parece uma estratégia no sentido de acusar os policiais para desconstituir as acusações”, acrescentou Fábio Castro.
Em um comunicado, o presidente da entidade de classe, Isaac Ortiz, constatou que “a insatisfação na categoria é muito grande” e que “as denúncias apresentadas são extremamente graves”. Para ele “não existe justificativa para que prisões realizadas com a apresentação de provas, com flagrantes comprovados, sejam desfeitas com base meramente em depoimentos de criminosos”. Em alguns casos, observou Isaac Ortiz, mesmo com prisões efetuadas a partir de mandados expedidos pelo próprio judiciário, “os presos alegam ilegalidades na prisão”.
