Salvar a vida de gestantes e seus bebês é o principal objetivo de um projeto desenvolvido por um grupo a pós-graduação em Enfermagem da Unisinos.
Grupo vencedor do Prêmio Roser foi premiado com seis meses de incubação no Tecnosinos. Trata-se de um dispositivo que visa auxiliar o monitoramento de mulheres grávidas que estejam com problemas de pressão alta ou diagnosticadas com risco. A PAGH – Pulseira de Aferição para Grávidas Hipertensas é resultado do trabalho das enfermeiras mestrandas Flávia Sales e Janaína Pinheiro.
A ideia do dispositivo surgiu no segundo semestre do ano passado, durante uma disciplina do Mestrado Profissional em Enfermagem da Unisinos. As professoras responsáveis, Priscila Lora, Rafaela Scheffer e Patricia Treviso, propuseram aos alunos o desafio de criar um produto que usasse a tecnologia a serviço da saúde. Janaína, que relata ter sido uma grávida hipertensa, e Flávia, especialista em Neonatologia, destacam que as melhores pesquisas surgem das experiências vivenciadas. Neste caso, a pré-eclâmpsia de Janaína foi um dos impulsos que motivou o início do apanhado científico.
A pulseira funciona da seguinte forma: a paciente que fará uso do dispositivo terá a aferição da pressão arterial feita várias vezes ao dia e o envio dessas informações irá automaticamente para uma nuvem. A nuvem poderá ser acessada por médicos e enfermeiros que acompanham a gestante no pré-natal. Assim, casos de pré-eclâmpsia, que é a hipertensão na gestação, podem ser diagnosticados com muito mais rapidez, uma vez que essa é uma doença silenciosa e bastante perigosa para gestantes.
Esta foi a primeira vez que uma equipe da área da enfermagem participou do prêmio. “Estamos quebrando vários paradigmas. Mulheres empreendendo em tecnologias para a saúde, enfermeiras saindo de suas zonas de conforto. A Unisinos acreditou na gente, isso é muito importante para nós”, colocou Janaína.
Em busca de parceiros
O grupo que desenvolveu o projeto foi vencedor do Prêmio Padre Francisco Xavier Roser SJ de Empreendedorismo e Inovação de 2021, iniciativa que busca incentivar a criação de soluções empreendedoras por meio de projetos de pesquisa. A competição, de nível nacional, é promovida pela Unisinos, por meio da Unidade de Inovação e Tecnologia (Unitec) e do Parque Tecnológico de São Leopoldo (Tecnosinos), e executada pela aceleradora Ventiur. Com a vitória, o grupo garantiu uma vaga para o processo de pré-aceleração Ventiur e seis meses de incubação no Tecnosinos. O objetivo, a partir de agora, é começar a desenhar o protótipo da pulseira.
Uma das ideias é realizar uma parceria com o Sistema Único de Saúde (SUS) para que a pulseira seja implementada na Rede Cegonha. Para isso, os esforços agora estão concentrados na busca por apoiadores e financiadores do projeto. A equipe ainda aguarda uma devolutiva do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) para saber se o projeto contará com o apoio do governo. A previsão é de que a pulseira comece a ser testada em gestantes no prazo de até um ano.
Além disso, o grupo, que também conta com a engenheira elétrica Vitória Francesca Zilli e o acadêmico Marcelo Bueno, que atua na área de administração e inteligência de mercado, está selecionando sócios-fundadores para iniciar a incubação da startup que vai desenvolver o produto. “Como somos da área da saúde, estamos buscando sócios das áreas de tecnologia e inovação, que podem ser alunos de todos os níveis de ensino superior, incluindo de outras universidades“, explica Janaína. O perfil procurado deve ter expertise em elaboração, montagem e testes de circuitos eletrônicos analógicos e digitais, bem como a utilização plena dos instrumentos de medição e experimentação, além de entender de placas de circuito impresso e desenvolvimento e debugs de firmware. Para participar da seleção, basta entrar em contato através do e-mail [email protected].
Foto: reprdução/Facebook