Condenada por religiosos muçulmanos, a jovem foi penalizada sob acusação de ter mantido relação sexual com homem casado, seu primo. Imprensa local diz, no entanto, que ela foi estuprada.
Da Redação – [email protected]
Após receber a punição de 80 chibatadas por ter tido um relacionamento com um primo que era casado, adolescente de 14 anos acabou morrendo na cidade de Shariatpur, em Bangladesh. A sentença foi decretada por um tribunal religioso na cidade onde a jovem vivia.
A dura pena foi imposta a Hena Begum, acusada de ter mantido uma relação sexual com seu primo de 40 anos. O homem foi condenado a 100 chibatadas, mas fugiu. Enquanto era castigada, a jovem desmaiou e mesmo sendo levada a um hospital local, não resistiu e morreu seis dias após ter sido internada.
‘ATOS IMORAIS’ – O caso gerou protestos de moradores de Shariatpur e ganhou repercussão no país. A mídia local afirma que a jovem Hena, na verdade, foi raptada e estuprada pelo primo. Os jornais bengalis informaram que em vez de tomar uma atitude contra o autor do estupro, os religiosos trancaram a adolescente em um quarto.
No dia seguinte, o imã (clérigo muçulmano) Mofiz Uddin e representantes do Comitê da Sharia, código de leis muçulmanas, condenaram Hena por atos de ‘sexualidade imoral’ fora do casamento. O imã Uddin e outras três pessoas foram presas. O caso está sendo investigado.
Os religiosos disseram à polícia que Hena teria sido pega em flagrante quando mantinha relações sexuais com um morador do vilarejo. Autoridades do vilarejo também exigiram que o pai da jovem pagasse uma multa equivalente a R$ 419.
O CASTIGO – Moradores locais atenderam os gritos de socorro de Hena, foram ao local e tentaram acudi-la. Mofiz Uddine, juntamente com professores da madrassa (escola de ensinamentos islâmicos) da região também se dirigiram ao local.
Na quarta-feira, um grupo de moradores de Shariatpur foi às ruas em protesto contra a fatwa (punição) e contra os autores da sentença. O pai de Hena, Dorbesh Khan, questionava que tipo de justiça é essa, que espanca uma adolescente em nome de justiça.
Desde o ano passado, as punições em nome da sharia (legislação sagrada islâmica) e decretos religiosos foram proibidos em Bangladesh, país de maioria muçulmana. Mesmo sendo ilegais, comitês que obedecem princípios religiosos vêm se tornando influentes em diferentes países com população de maioria islâmica.
A sentença contra Hena Begum foi a segunda morte provocada por uma sentença ligada à sharia desde que a prática foi proibida pela Corte Suprema de Bangladesh.
Informações Terra
Foto: ilustrativa