A coletiva anual da Abicalçados apresentou um estudo que indica uma grande baixa nos postos de trabalho do setor calçadista
A projeção de empregos no setor calçadista brasileiro aponta índices preocupantes com a perda estimada de 34 mil postos de trabalho, de 2006 a 2008, com a queda nas exportações e diminuição de investimento nos produtos de valor agregado com maior emprego de mão de obra.
Fotos da coletiva da Abicalçados
Estes dados foram apresentados na coletiva anual da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados) nesta segunda-feira, dia 10, no Hotel Swan Tower, em Novo Hamburgo.
A estimativa de desemprego foi feita a partir de um estudo realizado pelo Instituo de Estudos e Marketing Industrial (IEMI) sobre a participação das importações no mercado brasileiro. Ainda foi apresentado uma análise sobre a produção brasileira no segmento calçadista, a fim de melhorar a compreensão sobre as exportações.
Os calçados de plástico, injetados, tipo chinelos, botas de construção e sandálias com tiras de couro, produzidos em larga escala e com pouca mão de obra, não dependem quase da exportação, e estão entre os produtos sem danos. Outros calçados de couro, tênis esportivo, com cabedal em tecido, entre outros, estão entre os produtos com danos, pois dependem das exportações e utilizam mais mão de obra.
Os calçados com cabedal de couro um dos artigos de maior peso na balança comercial, por exemplo, apresenta queda de 14,3% nas exportações entre janeiro e outubro de 2007, em relação ao mesmo período do ano passado. Do total de 149,11 milhões de pares embarcados pelo Brasil no período, 64 milhões foram de cabedal de couro. Em faturamento o produto caiu 3,5%.
Esta é uma das razões do Rio Grande do Sul estar com problemas no setor calçadista, pois o principal produto é os calçados de couro. “O couro é a base e merece ser cuidado com carinho”, salienta Marcelo Prado, economista e sócio-diretor da IEMI que expôs a pesquisa.
Outra questão importante é a mudança cambial que exigiu que se criasse muito rapidamente um modelo para gerir a produção de lucros, disse Prado. Neste ano, estima-se que o dólar feche equivalente a R$ 1,90 e para 2008, já existe uma projeção de que feche equivalente a R$ 1,80.
O presidente da Abicalçados, Milton Cardoso, também lembrou que os produtos da China estão invadindo o mercado, agora incluindo produtos em couro, também fornecido pelo Brasil. “E a imagem de que a China só produz produtos de má qualidade é apenas uma imagem. Eles estão produzindo produtos de alto valor agregado e de qualidade”, acrescentou Cardoso.
Estiveram presente na coletiva, o presidente da Abicalçados, Milton Cardoso, Enio Klein, consultor, Ricardo Wirth, vice-presidente, Elcio Jacometi, vice-presidente, Heitor Klein e Rogério Dreyer, diretores executivos da Abicalçados e Marcelo Prado. Cardoso abriu a coletiva apresentando os participantes da mesa e os assuntos que tratariam.
Heitor Klein, reforçou que o mercado está se modificando, em 1999 começou a perceber que possuía qualidade e maturidade para exportar produtos de marca própria, em 2000 participou da primeira feira na Alemanha com apenas oito empresas, hoje este número gira em torno de 70. O que segundo ele, explica o fato de o calçado apesar de ter o segmento abalado, as exportações quase não caíram, estão estabilizadas há três anos, em valores, perderam em volume.
A missão para China há alguns meses obteve resultados positivos, até para uma leitura do mercado atual, disse Enio Klein. Durante 30 anos o Vale do Sinos chegou a ser o sexto maior exportador para o maior consumidor de calçados, os Estados Unidos. Atualmente, o maior consumo é a China, com 4 bilhões de calçados por ano. Deste percentual, o número das importações é baixo, mas existe o interesse na importação por parte dos chineses, afirmou Klein.