REPORTAGEM ESPECIAL
“Escolhi lutar”. Aos 79 anos, esse é o sentimento de um conhecido de milhares de hamburguenses: o farmacêutico Tarcísio Scholl. Durante mais de 40 anos, Tarcísio trabalhou pela saúde da população hamburguense, na sua tradicional Farmácia Canudos. Foi uma das primeiras farmácia do bairro. Aposentado há alguns anos, o hamburguense agora está do “outro lado do balcão”: ele não é mais o atendente. E sim, o paciente.
Desde 2018, Scholl luta contra o câncer. O primeiro tumor foi constatado na próstata. Lá, fez tratamento radioterápico no Hospital Santa Rita, da Santa Casa de Misericórdia, e no Hospital Regina, em Novo Hamburgo. Tudo pela oncologia SUS hamburguense.


Mas, neste ano, tudo mudou. O seu Tarcísio descobriu um câncer na garganta. Com o caso agravado, as dificuldades começaram a vir. Além disso, neste período, ocorreu a mudança para o Hospital Bom Jesus, de Taquara.
Hoje, a rotina de Tarcísio é “cansativa”, como ele mesmo chama. E ele relata. “A minha rotina é bastante sacrificada. A Van da prefeitura vem me pegar em casa, para fazer a radioterapia todos os dias, as 12h30”, conta. O tratamento segue sendo realizado no Santa Rita, onde ele elogia o atendimento e os aparelhos modernos. A sessão dura cerca de 5 minutos. Tarcísio chega em Novo Hamburgo por volta das 18h30, quando volta de Van. As vezes, vai e volta de Trensurb, chegando um pouco mais cedo em Novo Hamburgo.
Na sexta-feira, a rotina é mais dura. “Vou a Porto Alegre fazer a radioterapia as 6h da manhã. Volto às 11h, quando chego e já almoço rápido. No início da tarde, já pego outra Van e vou até Taquara – ficando até o anoitecer”, comenta. No município do Paranhana, realiza quimioterapia semanal. E, nas quintas-feiras, de 3 em 3 semanas, passa por avaliação médica em Taquara, percorrendo a mesma rotina. E falando sobre rotina, essa será a sua, até o dia 20 de setembro.
Neste meio tempo, já viu muito. “Eu já vi pessoas passando mal. São cenas lastimáveis. Dói ver essa ida, essa volta. É difícil. A minha maior alegria é ajudar as pessoas. E, ver isto, me dá tristeza e impotência”, conta.
TRATAMENTO
Sobre o tratamento, Tarcísio elogia. “Preciso dizer que o atendimento em Taquara é bom. Os médicos são bons, os profissionais são bons. Eles fazem um trabalho enorme, um trabalho de atenção aos pacientes, e dão a volta por cima em um enorme número de atendimentos. Tem médico que passa horas no consultório sem sair dele. Mas, a rotina, volto a dizer: é muito dura”, diz.
VIDA
“Já estou desgastado, praticamente sem voz. Tenho dificuldade para dormir, e dias de pouco sono. Essa foi a vida que eu escolhi levar para me reestabalecer”, conta o hamburguense. “Tudo isso não precisaria estar acontecendo se o nosso poder público olhasse um “pouquinho” mais pela saúde da população. Trabalhei a vida inteira na área da saúde. Sei muito o quanto essas pessoas sofrem, e eu vejo isso hoje”, diz Scholl. Tarcísio menciona o poder executivo.
O amor com a esposa Diva, casado há mais de 54 anos, mantém a calma e a compreensão. “As vezes choro vendo por tudo que ele passa. É duro”, comenta a esposa.
ESPERANÇA
Sobre uma possibilidade da oncologia voltar a Novo Hamburgo, Tarcísio abre um sorriso no rosto. “Como anunciado pelo Dudu, a Unimed iniciou os estudos para uma possível volta da oncologia a Novo Hamburgo. Eu só espero por isso. É muito importante que isso aconteça, que tenhamos essa conquista. Elogio o Dr. Luis Carlos Melo”, conta.