Presidente concedeu a primeira entrevista coletiva do segundo mandato e falou sobre reeleição, economia e aborto
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse hoje, ao abrir a primeira entrevista coletiva de seu segundo mandato, que temas como estabilidade econômica, credibilidade externa, dívida externa, reservas e crescimento da economia são coisas que estão praticamente resolvidas, porque o Brasil se preparou no primeiro mandato para dar um salto no segundo.
“Cumprimos uma primeira etapa que acredito que foi exitosa. Disse que não vou falar mais de comparação do nosso governo com outros governos. Agora é preciso me comparar 2003 -2006, 2007-2010. Penso que o resultado que obtivemos no mandato me permite dizer a vocês o seguinte: o Brasil em 2007 é um outro país”, afirmou.
Lula destacou que foi consolidada a política econômica e, junto com ela, a política internacional. “É sabido, mesmo por aqueles que não querem concordar ou que teimam em não concordar, que o Brasil nunca teve uma relação internacional tão privilegiada como a que tivemos hoje”, disse.
O presidente destacou a prioridade da política externa do Brasil com a América Latina. “Hoje, a relação comercial do Brasil com a América Latina é maior que sua relação comercial com Estados Unidos e com a Europa, embora a relação comercial com os EUA e Europa tenham crescido em média 20% em todo esse período”, afirmou, justificando que a integração latino-americana se deu na discussão de temas comuns para o continente.
Reeleição
Lula foi veemente ao afirmar que é contra um terceiro mandato e que não será candidato em 2010. Lembrou que a Constituição não permite tal condição e que seria imprudente alguém tentar apresentar qualquer mudança permitindo um terceiro mandato.
“Eu já era contra o segundo, imagina o terceiro. Acho imprudência, e a minha orientação para a base é que ninguém apresente qualquer projeto, que acho uma provocação à democracia brasileira”.
Já sobre a possibilidade de fazer um sucessor, Lula não escondeu seu desejo de manter a coalizão. “Meu Deus, isso eu esqueci de perguntar ao papa. Mas quero fazer o sucessor, por uma razão simples: quero que tenha continuidade o que estamos fazendo no país”.
O presidente lembrou que foi contra a reeleição, mas acabou “obrigado” a se candidatar a um novo mandato. “Fui contra a reeleição até o momento em que a lei perdurou e que fui obrigado a ser candidato à reeleição, porque a situação política exigia”.
Lula foi além e afirmou que a melhor reforma política que poderia acontecer era acabar com a reeleição, aprovar um mandato de cinco anos. “E, se a pessoa fez um bom governo, cinco anos depois de ausência, ele pode voltar e concorrer a uma nova eleição”.
Legalização do aborto
O presidente Lula voltou a comentar o debate sobre a legalização do aborto. Ele se colocou contra o aborto como cidadão, mas defendeu que o Estado tenha uma política pública “adequada” para a população que tenha uma gravidez indesejada.
“Acho que essa legislação [que define os casos que o aborto é permitido] não trata da veracidade dos acontecimentos do país. Todos vocês sabem, todo cidadão católico ou não sabe que existe no Brasil uma quantidade exagerada de jovens e pessoas que praticam aborto porque tiveram uma gravidez indesejada. Não apenas porque foram violentadas. Porque às vezes ficaram grávidas e não querem ter um filho”, disse.
A partir desse cenário, Lula afirmou que o poder público precisa escolher um caminho. Ou “abandonar” essas pessoas para tentarem fazer “experiências” com o seu “pouco conhecimento” ou intervir para ajudar as pessoas a terem um tratamento adequado. “Defendo que o Estado tenha um tratamento adequado”, disse.
Fonte: Agência Brasil