Pró-Sinos já começa a admitir que resíduos industriais em excesso podem estar reduzindo qualidade da água. Nova mortandade foi registrada nesta quarta, em São Leopoldo. .
Felipe de Oliveira [email protected] (Siga no Twitter)
As secretarias de meio ambiente dos munícipios do Vale do Sinos estão sendo avisadas desde quarta-feira, dia 30, sobre a possibilidade de produtos químicos industriais em excesso no rio.
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Novo Hamburgo e São Leopoldo determinam racionamento de água
Peixes encontrados mortos na foz do Arroio João Corrêa (foto), em São Leopoldo, alertam para o risco de uma tragédia ambiental caso não chova em abundância nos próximos dias. Segundo o diretor-executivo do Consórcio Público de Saneamento Básico da Bacia Hidrográfica do Rio dos Sinos (Pró-Sinos), Julio Dorneles, análises feitas na semana passada indicam a presença expressiva de efluentes, embora os resultados ainda não sejam conclusivos.
De acordo com a titular da Delegacia de Proteção Ambiental da Polícia Civil, Elisângela Reghelin, vários inquéritos sobre o despejo ilegal de resíduos industriais estão em andamento. “Infelizmente temos um quadro de muitos poluidores. Várias empresas respondem por vazamento”, afirma a delegada ao Portal novohamburgo.org. Neste momento, no entanto, ela não acredita que esta seja a principal causa da morte dos peixes, ainda que não descarte a abertura de novas investigações caso as suspeitas do Pró-Sinos se confirmem. Esta é a segunda mortandade em menos de 10 dias.
Para o biólogo Jackson Müller, assessor de meio ambiente do Ministério Público Estadual, o maior problema agora é a pequena quantidade de chuva que caiu sobre a região, que pode ter lavado os arroios contribuintes, piorando a qualidade da água. O local em que os animais morreram na quarta-feira concentra altos índices de substâncias nocivas. É onde ocorre a drenagem do Arroio João Corrêa.
Dados do Instituto de Climatologia de Campo Bom revelam que a precipitação foi de 8,8 milímetros. Até então, só havia chovido 7,6 mm em novembro e a média para o mês é de 135 mm. O coordenador do instituto, Nilson Wolff, diz que a escassez deve seguir em dezembro.
A Comusa – Serviços de Água e Esgoto de Novo Hamburgo mediu na quarta 2,13 metros na bomba captação no Rio dos Sinos, nível que se mantém desde o início da semana. Já o Serviço Municipal de Água e Esgotos de São Leopoldo – Semae registrou 90 centímetros. As medições foram feitas antes da chuva.
Com a baixa vazão do rio, a água praticamente não se movimenta, a temperatura aumenta, a concentração de efluentes químicos e domésticos é potencializada e a capacidade de autodepuração é reduzida, o que causa desoxigenação.
Aeradores podem
ajudar na oxigenação
Para que os níveis do manancial voltem ao normal, explica Nilson Wolff, precisaria chover pelo menos 100 milímetros em toda a bacia hidrográfica. Como não há previsão de que isso aconteça logo, a delegada Elisângela Reghelin articula a instalação de três ou quatro aeradores provisórios nos pontos mais críticos, entre eles a foz do Arroio João Corrêa, para movimentar a água e ajudar na oxigenação.
“É uma medida de cooperação, que depende da disposição da iniciativa privada”, argumenta Elisângela. Empresas do setor estão sendo contatadas para ceder os aeradores ao Estado em caráter emergencial. A delegada que até segunda-feira, 05, a questão seja resolvida. Técnicos do Pró-Sinos (foto) mediram a quantidade de oxigênio na água e os índices seguem críticos, perto de zero miligramas por litro, quando o ideal é 2 m/l.
FOTOS: Felipe de Oliveira / novohamburgo.org