Número representa um terço dos jovens do ensino médio. A escolha de estudar a noite geralmente é feita por jovens estudantes que trabalham durante o dia.
Da Redação [email protected] (Siga no Twitter)
Segundo dados consolidados do Censo Escolar de 2010, um terço dos estudantes do ensino médio tem aulas no período da noite. Os números mostram uma redução, pois no início dos anos 2000 cerca de metade das matrículas do ensino médio era no período noturno. Esse horário de estudo tem a qualidade de ensino afetada por problemas como carga horária de aulas reduzida ou dupla jornada do estudante.
A pesquisadora Raquel Souza, que também é assessora da ONG Ação Educativa, acha que o número deveria ser maior, pois parte dos jovens que deviam cursar o ensino médio está fora da escola. Raquel Souza também afirma que não há estudos que comprovem que a aula noturna é feito por jovens que trabalham durante o dia. Ela ainda destaca que, em alguns casos, escolas de certas regiões só têm vagas para esse período, impossibilitando que o estudante escolha o melhor horário para si.
Porém, Raquel concorda que as aulas noturnas tem a qualidade de ensino afetada. “Em geral, as aulas são mais curtas e o prejuízo é que o estudante fica menos tempo na escola. Além disso, aquele que também é trabalhador vai chegar mais cansado e ter outra experiência com a escola”, afirma a pesquisadora. Aulas como a de Educação Física são afetadas, e só são feitas no período da manhã e da tarde.
Por conta da qualidade de ensino afetada, o Conselho Nacional de Educação – CNE, aprovou as novas diretrizes curriculares do ensino médico, que destacam a necessidade de flexibilizar o currículo. Entre as recomendações do parecer, está a ampliação da duração do ensino médio, que deve passar de três anos. O Conselho também sugere a opção de 20% da carga horária feita em ensino à distância. Raquel concorda com a atitude do CNE. “Essa proposta pode ser um pontapé para pensar em processos diferentes para qualificar o ensino médio noturno, que precisa ter um espírito diferenciado com um currículo próprio”, defendeu.
A secretária de Educação Básica do Ministério da Educação – MEC, Maria do Pilar Lacerda, acha que as escolas de ensino médio noturno devem fazer uma pesquisa para atender às necessidades dos alunos, de acordo com a escolha deles de estudar a noite. “Se a maioria (dos alunos) for de trabalhadores, tem que ter uma flexibilidade de horário, por exemplo. O projeto pedagógico precisa ser estruturado depois de a escola saber porque eles estudam à noite, a partir do percurso educativo dos alunos (se são repetentes ou se já abandonaram a escola)”, acredita Maria.
Para a pesquisadora Raquel, o ensino médio noturno deve ser mantido e oferecido por todos os colégios, já que alguns jovens não têm como estudar pela manhã e pela tarde.
Informações de Agência Brasil
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