Feijó conclama sociedade contra impostos
Em entrevista exclusiva, vice-governador faz duras críticas a Yeda e anuncia oposição ao pacotão
Por Rafael Geyger*
Está declarada guerra aos impostos. Em entrevista exclusiva ao portal novohamburgo.org, o vice-governador do Rio Grande do Sul, Paulo Feijó (DEM), fez duras críticas ao Governo do Estado e anunciou oposição ao aumento de tributos previsto no Plano de Recuperação do Estado, popularizado de “pacotão”.
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Do Palacinho da Vice-Governadoria, onde cumpre suas atribuições, Feijó adiantou que a bancada de seu partido votará em bloco contra a proposta, a qual ele classifica como um “achaque”, uma somatória de todas as tentativas deste governo e de anteriores de elevar a carga tributária no Estado.
Político de posições contundentes, que em sua maioria divergem das posições adotadas pelo próprio governo, Paulo Feijó admite uma dificuldade de relacionamento com a governadora Yeda Crusius, procura manter o mesmo discurso da época de campanha eleitoral e fala sobre medidas polêmicas para a saúde financeira do Estado, como a federalização do Banrisul, o corte de autarquias e a revisão de percentuais do orçamento para priorizar segurança, saúde, educação e justiça.
novohamburgo.org – Em outubro de 2006, o senhor e a governadora Yeda estavam em plena campanha para chegar ao poder. Agora, um ano depois, o senhor acredita que está se construindo um Estado em acordo com o que foi definido na eleição?
Paulo Feijó – Eu imaginava na época uma situação diferente daquilo que está hoje. Creio que, em dez meses de governo, já se poderia ter feito ações que trouxessem resultados mais satisfatórios do que aqueles que temos até então, fundamentalmente no que diz respeito à competitividade. O Rio Grande do Sul, ano após ano, tem perdido negócios e investimentos, deixando empresas e setores irem embora. E por uma questão muito simples: ninguém no mundo está disposto a pagar mais por um produto por ele ser feito no Rio Grande do Sul. Ou o Estado se torna competitivo ou iremos perder investimentos em negócios, em produção e, com isso, empregos e arrecadação.
Nossa proposta original era a de ter no máximo 14 secretarias e hoje temos 20.
novohamburgo.org – Essa competitividade se dá com o enxugamento da máquina pública?
Paulo Feijó – Sendo coerentes com o que defendíamos em campanha, a nossa proposta original era a de ter no máximo 14 secretarias e hoje temos 20. Tudo aquilo que não gera valor à sociedade não deve fazer parte do portfólio do Estado. Para resolver crise financeira, ou se aumenta a receita ou diminui custos. Ou os dois. Aumentar a receita não aumentando impostos, mas com mais volume de negócios e diminuir as despesas naquilo que não agrega para a sociedade.
novohamburgo.org – Um mandato de quatro anos é suficiente para amenizar o drama financeiro do Estado?
O maior interesse dos partidos que estão no poder é se servir do Estado e não servir a sociedade.
Paulo Feijó – Eu acho que é suficiente para sanar o problema, sim. Desde que sejam adotadas medidas claras, sem politicagem e objetivando resultados. O maior interesse dos partidos que estão no poder é se servir do Estado e não servir a sociedade. Enquanto não enxergarmos a sociedade como um cliente, não vamos a lugar nenhum. Os governos têm que enxergar a sociedade como seus clientes, mas hoje é a sociedade que banca o governo.
Nós arrecadamos R$ 21 bilhões. É muito dinheiro! E não prestamos nenhum serviço de forma adequada, porque o governo está metido em áreas que não lhe competem. Eu não defendo o Estado Mínimo, defendo o Estado Eficiente, que atenda de forma exemplar a segurança, saúde, educação e justiça. Se o Estado estivesse atendendo de forma eficiente estas quatro áreas, até aceitaria que ele atuasse em outras.
*Colaborou: Hélio Kosby