Escritor português laureado com o Prêmio Nobel de Literatura em 1998 faleceu em casa, nas Ilhas Canárias, na manhã desta sexta-feira. Última obra foi Caim, de 2009.
Da Redação [email protected] (Siga no Twitter)
A literatura está de luto. Morreu na manhã desta sexta-feira, dia 18, o primeiro e único escritor de língua portuguesa laureado com o Prêmio Nobel.
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Comunicado da morte na página da Fundação José Saramago
Conheça o blog que José Saramago mantinha
Aos 87 anos, José Saramago (foto) faleceu em casa, em Lanzarote, nas Ilhas Canárias, Espanha. Doente há bastante tempo, o estado do escritor era estável. Segundo o espanhol El País, no entanto, seu editor, Zeferino Coelho, teria dito que a situação agravou-se inesperadamente.
Saramago nasceu na aldeia de Azinhaga, Golegã, no dia 16 de novembro de 1922, embora o registro oficial mencione o dia 18. Seus pais foram para Lisboa, capital de Portugal, quando ainda não tinha três anos de idade. Lá passou a maior parte de sua vida.
Antes de consolidar-se como escritor, trabalhou como serralheiro mecânico, funcionário da saúde e da previdência social, editor, tradutor e jornalista. Publicou seu primeiro livro, um romance – Terra do Pecado – , em 1947. Ficou sem publicar até 1966. Trabalhou durante doze anos numa editora, onde exerceu funções de direção literária e de produção. Colaborou como crítico literário na Revista Seara Nova.
Em 1972 e 1973, fez parte da redação do jornal Diário de Lisboa, onde foi comentador político. Coordenou, durante alguns meses, o suplemento cultural. Pertenceu a primeira Direção da Associação Portuguesa de Escritores. Entre abril e novembro de 1975, foi diretor-adjunto do Diário de Notícias. Desde 1976, vivia exclusivamente do trabalho literário. Foi Prêmio Nobel de Literatura em 1998 e a última obra foi Caim, publicado em 2009.
Política
Crítico ferrenho do sistema capitalista, José Saramago era uma das maiores referências da esquerda mundial. Nunca escondeu que acreditava no socialismo, mas desde o início dos anos 2000 se dizia decepcionado com as experiências em curso. Amigo pessoal do presidente de Cuba, Fidel Castro, criticava as restrições à liberdade.
O estopim para o rompimento com o regime cubano foi o fuzilamento de três dissidentes, em 2003. À época, Saramago condenou a ação. “Cuba não ganhou nenhuma batalha heróica com o fuzilamento desses três homens, mas sim perdeu minha confiança, destruiu minhas esperanças e decepcionou minhas ilusões.”
Veja o último texto publicado por Saramago em seu blog:
Romances
Terra do pecado, 1947
Manual de pintura e caligrafia, 1977
Levantado do chão, 1980
Memorial do convento, 1982
O ano da morte de Ricardo Reis, 1984
A jangada de pedra, 1986
História do cerco de Lisboa, 1989
O Evangelho segundo Jesus Cristo, 1991
Ensaio sobre a cegueira, 1995
Todos os nomes, 1997
A caverna, 2000
O homem duplicado, 2002
Ensaio sobre a lucidez, 2004
As intermitências da morte, 2005
A viagem do elefante, 2008
Caim, 2009
Com informações do jornal El País e agência EFE
FOTO: reprodução / El País