Deputados que buscam presidência da Casa apresentaram suas idéias e promoveram discussões acaloradas nesta segunda-feira
Os três candidatos à Presidência da Câmara dos Deputados, Arlindo Chinaglia (PT-SP), Aldo Rebelo (PCdoB-SP) e Gustavo Fruet (PSDB-PR), participaram nesta segunda-feira de um debate promovido pela TV e Rádio Câmara.
O debate começou às 11 horas e teve cerca de duas horas de duração, sendo dividido em quatro blocos. Os candidatos responderam a perguntas de jornalistas dos veículos da Câmara, de jornalistas de veículos privados que cobrem a Casa e de cidadãos, que enviaram seus questionamentos por telefone e e-mail.
O primeiro a falar foi o deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP). Ele disse que presidir a Casa é uma “pretensão elevada” porque significa “estabelecer compromissos com a democracia com a qual a instituição está ligada”.
Também afirmou que a Câmara é “a mais antiga e a mais permanente das instituições do País”. Acrescentou que a entidade “enfrentou desafios e vicissitudes” como a suspensão de seu funcionamento durante a ditadura militar (1964-1985), pois surgiram interesses que “não queriam que a democracia fosse construída com participação popular”.
Já o deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP) afirmou que a disputa pela Presidência da Câmara não é uma questão individual. A afirmação foi feita na abertura do debate da TV Câmara, que ocorre neste momento, com os três candidatos à Presidência da Casa.
O deputado ressaltou a responsabilidade coletiva de todos os deputados de dirigir os trabalhos da Casa, definindo aquilo que é prioritário para o País. “O papel da Mesa é indutor, de conduzir essa discussão”, disse.
Afirmou ainda que sua principal preocupação à frente da instituição é também uma preocupação do grupo de partidos que o apóia – recuperar a autoridade política da Câmara dos Deputados.
O candidato da oposição, deputado Gustavo Fruet (PSDB-PR), afirmou há pouco que a primeira vitória de sua candidatura à Presidência da Câmara foi “tirar o debate das salas fechadas e abrir o diálogo com a sociedade”.
Segundo ele, a discussão pública é útil especialmente para os novos deputados, “que podem ter oportunidade para uma conversa mais franca e objetiva sobre as diferentes posições das candidaturas e sobre os desafios para a próxima legislatura”.
O tucano ainda citou dados publicados pela revista Veja segundo os quais, para grande parte dos brasileiros, os políticos são desonestos, mentem e não trabalham. “Queremos recuperar a relação da Câmara com a sociedade e a autonomia do Poder Legislativo, pois 41% dos entrevistados pela revista disseram que a democracia funcionaria bem sem deputados e senadores”, ressaltou.
Corrupção
Um dos temais debatidos com mais entusiasmo pelos concorrentes foi a corrupção na Casa. Chinaglia afirmou que as punições dependem do regimento interno e que os deputados envolvidos em escândalos e reeleitos foram absolvidos pelo voto. Minutos depois, afirmou que o regimento da Câmara poderá ser alterado neste sentido.
Rebelo foi questionado sobre a possibilidade de reabrir processos de cassação da Legislatura anterior e afirmou que qualquer tramitação de processo dessa natureza ou tem iniciativa de um partido político, e não passa pela presidência da Câmara, ou é destinada ao corregedor da Casa, que oferece um parecer se dará prosseguimento ou não ao processo.
Fruet falou sobre a contratação de parentes dentro dos Três Poderes e afirmou que votou contra o nepotismo. “Mas não generalizo, pois sei que tem muitos parentes competentes trabalhando como deputados”. Para ele, é preciso valorizar os funcionários de carreira da Câmara dos Deputados.
Em outro momento de discussão mais forte, Fruet insinuou que Chinaglia poderia aproveitar a presidência da Câmara para anistiar o petista José Dirceu, cassado em 2005 após os escândalos do mensalão.
Chinaglia demonstrou irritação e disse que a informação não passava de boato. “Desafio o senhor a provar que eu esteja orientando minha candidatura para promover a anistia do ex-deputado José Dirceu. Não temos o direito de impor nossa opinião pessoal”, respondeu.