Programa da Vale TV reuniu especialistas em marketing, comunicação, vendas e tecnologia para debater os rumos da publicidade na era da inteligência artificial, das redes sociais e da saturação de conteúdo — com foco no comportamento do consumidor e na humanização das marcas.
O Estação Hamburgo da Vale TV, exibido no dia 27 de outubro de 2025, trouxe uma das conversas mais instigantes do ano sobre o universo da comunicação, do marketing e do comportamento digital. Sob a mediação de Gio Dias, o programa reuniu Camila Reginato, publicitária e especialista em negócios digitais; Lautre Alencar, head de growth marketing e membro do Instituto Brasileiro de Neuromarketing e Neuroeconomia; Matheus Dibai, fundador da aceleradora comercial Dubai Sales e apresentador do Dubai Show; e Queli Giuriatti, jornalista, estrategista de comunicação e diretora da agência QG Comunica.
Transmitido ao vivo pela Vale TV, no canal 14 da NET para Novo Hamburgo, Campo Bom, Sapiranga e Estância Velha, e também pelo YouTube e pelo portal valedosinos.org, o programa conquistou uma das maiores interações do mês, com centenas de comentários de telespectadores e profissionais de marketing da região.
O marketing mudou — mas o público mudou junto?
Logo na abertura, Gio Dias lançou a pergunta que guiaria o debate: “O marketing mudou mais nos últimos quatro anos do que nos últimos cinquenta. Mas será que o público mudou junto?”
A provocação abriu espaço para uma reflexão profunda sobre o impacto da tecnologia e da inteligência artificial nas relações de consumo e no comportamento humano.
“O consumidor foi mudando, claro, mas o marketing hoje está sobrecarregando as pessoas. A quantidade de estímulos é absurda. As pessoas se sentem perseguidas pelos anúncios, cansadas das mesmas estratégias. O algoritmo, que deveria ajudar, muitas vezes sufoca”, avaliou Queli Giuriatti, que defende uma comunicação mais empática e equilibrada.
Lautre Alencar contrapôs, lembrando que a tecnologia é também o motor da mudança.
“Toda tecnologia muda o comportamento humano — do fogo à internet. O marketing de hoje é neurocientífico: trabalha com atenção, emoção e memória. A atenção é o ataque; a lembrança é a defesa. As marcas que entendem isso constroem vantagem competitiva”, explicou o especialista em neuromarketing.
Do marketing tradicional ao algoritmo — e o papel da IA
A publicitária Camila Reginato trouxe um olhar histórico, lembrando que entrou no mercado para trabalhar com TV e mídia offline — e viu, em pouco tempo, o mundo digital transformar toda a lógica do setor.
“Quando comecei, fazíamos anúncios para jornal e televisão. Ninguém sabia lidar com o digital, aprendemos fazendo. Hoje, qualquer pessoa com um celular é capaz de criar um vídeo profissional. Isso nivelou o mercado e forçou os profissionais a buscarem diferenciais reais, como propósito, autenticidade e branding”, afirmou.
Já Matheus Dibai defendeu a visão pragmática que define sua carreira:
“Marketing só é marketing quando vende. Curtida e seguidor são métricas de vaidade. Se não gera caixa, não é resultado.”
A partir dessa linha, o debate evoluiu para o papel da inteligência artificial na criação de conteúdo e na formação de opinião. Queli Giuriatti destacou o impacto do ChatGPT, Gemini e Perplexity sobre o jornalismo e o marketing digital.
“Agora vivemos a guerra das IAs. Se você escreve no Gemini, o Google impulsiona seu texto; se usa o ChatGPT, ele te derruba nos buscadores. Isso é mercado, é algoritmo. E quem não entender esse jogo vai ficar invisível”, alertou.
Lautre acrescentou que o comportamento de busca já está mudando:
“O consumidor não procura só no Google. Ele busca no TikTok, no Instagram, nas IAs. Já vemos tráfego vindo do ChatGPT nos relatórios de analytics. Isso muda toda a estratégia das marcas.”
Influência digital: dos gigantes aos microinfluenciadores
Um dos momentos mais acalorados do programa foi o debate sobre o futuro dos influenciadores digitais. O apresentador Gio Dias destacou o esgotamento do modelo dos “grandes nomes” e o crescimento dos microinfluenciadores, mais autênticos e conectados às realidades locais.
“O público cansou da superficialidade. Hoje, um vendedor engajado da sua loja pode gerar mais resultado que uma celebridade com milhões de seguidores”, provocou Gio.
Camila Reginato concordou, citando o movimento de empresas como Cimed e Magazine Luiza, que transformaram colaboradores em embaixadores de marca.
“Isso é branding com propósito. Humanizar é deixar que as pessoas falem por quem elas são, e não apenas vender um produto”, afirmou.
Já Lautre complementou com dados:
“O TikTok criou o TikTok Shopper, que permite que qualquer usuário gere vendas diretas. Isso aumentou em 4.000% o volume de transações nos últimos dois meses. O futuro é o consumidor produtor.”
A guerra dos algoritmos e o novo comportamento digital
O tema do algoritmo — amigo ou inimigo das marcas — foi um dos pontos mais discutidos. Matheus Dibai defendeu que as empresas devem “amar o algoritmo”, enquanto Queli e Camila alertaram para o excesso de dependência.
“O algoritmo é um intermediário poderoso, mas também é um filtro que limita a liberdade. As pessoas acham que escolhem o conteúdo, mas, na verdade, estão sendo moldadas por ele”, observou Queli.
Lautre Alencar acrescentou que o desafio atual das empresas é aprender a equilibrar estratégia e empatia:
“A neurociência mostra que decisões de consumo são emocionais, não racionais. Humanizar é, sim, uma estratégia — mas que precisa gerar resultado. A marca precisa ser lembrada e amada ao mesmo tempo.”
Entre o humano e o digital: a nova era do marketing
Na reta final do programa, os convidados apresentaram suas visões de mundo e de mercado.
Matheus Dibai resumiu com sua máxima:
“Todo problema de empresa se resolve vendendo mais. No fim do dia, o marketing serve para gerar dinheiro. Se não traz resultado, é barulho.”
Camila Reginato defendeu o branding como pilar essencial:
“A comunicação sem propósito é ruído. O que constrói valor é o legado da marca — o que ela deixa para o mundo.”
Queli Giuriatti destacou a importância da reputação e da imprensa qualificada:
“O sucesso é quando o jornalista liga direto para o cliente, não mais para a assessoria. Isso mostra que ele se tornou uma referência legítima, reconhecida pelo que faz.”
E Lautre Alencar encerrou com uma síntese técnica e humana:
“O marketing precisa voltar a entender o comportamento humano. Não é só vender — é construir percepções, memórias e experiências que geram resultado sustentável.”
O Estação Hamburgo é um programa exclusivo da Vale TV. Exibido ao vivo, de segunda a sexta-feira, das 20h às 21h, o programa reúne convidados em uma bancada de debates que analisa temas de interesse público. Desde 2015, o Estação Hamburgo se consolidou como um espaço plural e democrático, voltado à comunidade, com pautas que abrangem política, cultura, sociedade e as principais questões da região.
O Estação Hamburgo tem o patrocínio de Calçados Beira Rio 50 anos, Construtora Concisa, Exatus Contabilidade, Merkator Feiras e Eventos, JG Serviços, Coworking 360 e Universidade Feevale.
Debate realizado no dia 27 de outubro de 2025, no programa Estação Hamburgo, apresentado por Gio Dias, na Vale TV.

