Presidente do BARC, Ademir Rodrigues, fala sobre o impacto do voluntariado, os desafios da nova sede e a importância da união comunitária para garantir alimento na mesa de quem mais precisa no Vale do Sinos.
Em Novo Hamburgo e parte do Vale do Sinos, uma rede silenciosa e generosa movimenta toneladas de solidariedade todos os meses. À frente dela está Ademir Rodrigues, presidente do Banco de Alimentos da Região do Calçado (BARC) — instituição que há 15 anos coleta, organiza e distribui alimentos para 58 entidades assistenciais de quatro cidades do Vale do Sinos: Novo Hamburgo, Campo Bom, Sapiranga e Estância Velha. Em entrevista ao programa Conversa de Peso, da Vale TV, com Rodrigo Steffen, Ademir falou sobre os desafios de manter o banco funcionando, o papel do voluntariado e a urgência de apoio comunitário para garantir o alimento na mesa de milhares de pessoas.
15 anos de história e compromisso
Fundado em 2010, por Elton Zarth e um grupo de abnegados voluntários, o BARC nasceu inspirado na rede de Bancos de Alimentos criada pela FIERGS e se consolidou como uma das principais referências sociais do interior gaúcho. Desde então, mais de 150 toneladas de alimentos são distribuídas anualmente para instituições que atendem crianças, idosos, famílias carentes e pessoas com deficiências.
Ademir Rodrigues, que integra o banco desde 2013, foi reconduzido à presidência recentemente. “É uma honra, mas também uma grande responsabilidade”, comenta. “Temos voluntários maravilhosos, mas o trabalho é intenso. O voluntariado está cada vez mais escasso, e nosso maior desafio é justamente conseguir mais gente disposta a dedicar duas ou três horas por mês a essa causa.”
A rede que faz o bem
O Sábado Solidário é uma das principais ações do BARC. Sempre no primeiro sábado de cada mês, cerca de 150 voluntários se revezam em turnos de três horas nos supermercados parceiros, convidando clientes a doar alimentos.
“São três turnos: das nove ao meio-dia, das doze às quinze e das quinze às dezoito horas. São apenas três horinhas por mês que fazem toda a diferença”, destaca Ademir.
Em setembro, a campanha arrecadou 3,5 toneladas de alimentos, mas a meta mensal é de 12 toneladas para atender a todas as entidades cadastradas. “Quando a arrecadação fica abaixo, precisamos comprar o que falta — leite, farinha, açúcar, arroz, feijão. Mesmo com tantas doações, esses produtos básicos nunca são suficientes.”
58 instituições beneficiadas
Atualmente, o Banco de Alimentos atende 58 entidades, sendo 36 em Novo Hamburgo, e o restante dividido entre Campo Bom, Sapiranga e Estância Velha. “São instituições que cuidam de crianças, idosos, pessoas com deficiência, famílias em vulnerabilidade e portadores de doenças graves como fibrose cística e autismo. Elas fazem o cadastro das famílias, e nós repassamos os alimentos diretamente a elas.”
Entre os grandes parceiros do banco estão empresas e instituições de ensino da região. “A Universidade Feevale é uma parceira de longa data. Só no Feevale Summit, arrecadamos 1,5 tonelada de alimentos com ingressos solidários. A cada evento cultural, como no Teatro Feevale, já há uma caixa de coleta e voluntários nossos presentes”, conta.
Parcerias que fazem a diferença
Além da Feevale, o BARC conta com o apoio de empresas como Sinoscar, Killing, Cab Corporation, Sicredi, SESI e diversos empresários locais. “A Cab Corporation é uma das nossas parceiras mais fiéis. Nos conhecemos na pandemia, quando eles doaram cem cestas básicas — e desde então, nunca deixaram de ajudar”, relata Ademir Rodrigues.
O Sicredi também é lembrado com carinho. “É um parceiro firme, tanto nos eventos quanto nos materiais de divulgação. Eles sempre dizem: ‘Juntos, construímos comunidades melhores’ — e realmente vivem isso.”
Eventos solidários que movimentam o ano
Entre as ações de destaque do BARC estão o Galeto Solidário, a Corrida do SESI e a tradicional Pizza Solidária.
“O Galeto Solidário, em parceria com a empresa Killing, é um dos nossos maiores eventos do ano. Toda a renda vai para o banco. Já a Corrida do SESI reverte as inscrições de atletas em recursos para os bancos de alimentos de cada cidade. Em Novo Hamburgo, tivemos mais de 700 inscritos — e esse valor ajuda a manter nossas operações por dois meses.”
A Pizza Solidária, prevista para 14 de novembro, é outro sucesso. “Vendemos cerca de mil pizzas por R$ 35 cada. Metade cobre os custos, e o restante é revertido em alimentos. Tudo é feito com muito amor por parceiros que acreditam na causa, como a empresa ‘Feitas com Amor’, de Presidente Lucena.”
A nova sede: sonho e desafio
Depois de mais de 10 anos ocupando gratuitamente um espaço cedido pelo empresário Isaac Saldanha, o BARC prepara-se para mudar para a nova sede — o prédio que abrigava a Justiça do Trabalho, na Rua Jaú, em Novo Hamburgo.
“Seu Isaac foi um anjo. Nunca nos cobrou aluguel, luz ou qualquer despesa. Agora ele precisa do espaço, e conseguimos uma nova sede pública, mas que precisa de muita reforma. O prédio foi depredado, sem energia elétrica, e precisamos de cerca de R$ 40 mil a R$ 50 mil para torná-lo funcional.”
O valor cobre a reinstalação elétrica, limpeza, pintura e ajustes estruturais. “É um investimento urgente. Queremos começar 2026 já operando lá, mas isso só será possível com doações da comunidade e de empresas”, explica Ademir Rodrigues.
Doar é multiplicar
O presidente reforça que há muitas maneiras de ajudar — e que todas são bem-vindas. “Pode ser doação de alimentos, valores financeiros ou até materiais de construção. Temos uma conta específica para doações, e cada centavo vira comida. Nenhum dinheiro vai para custeio administrativo, tudo vira alimento.”
Ele lembra ainda que a solidariedade também pode ser um gesto simples. “Três horas por mês no Sábado Solidário já fazem diferença. Uma cesta básica doada, uma visita, um telefonema de apoio. Tudo isso sustenta o banco e alimenta vidas.”
Solidariedade que inspira
O BARC é uma instituição sem vínculo político ou partidário, mantida integralmente por doações. “Não temos apoio público fixo, e nem queremos. A força do Banco está na comunidade. Somos todos voluntários, do presidente à equipe que descarrega os caminhões. A recompensa é ver o alimento chegando a quem precisa.”
Com humildade e esperança, Ademir Rodrigues encerra a entrevista reforçando o espírito do trabalho. “A gente não faz para aparecer. Faz porque acredita. Porque cada prato de comida que chega é uma vitória da comunidade.”
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Clique na imagem abaixo para assistir ao Conversa de Peso com Ademir Rodrigues no canal da Vale TV no YouTube:
Entrevista para o programa Conversa de Peso, apresentado por Rodrigo Steffen.
O Conversa de Peso é um programa exclusivo da Vale TV. Exibido de terça a sexta-feira, das 22h30 às 23h, com mais de 1.400 edições no ar, recebe personalidades da região para um bate-papo inesquecível, focado no perfil do convidado. Desde 2014, o Conversa de Peso é um espaço de destaque a pessoas que fazem a diferença em diferentes segmentos, como sociedade, variedades, empreendedorismo, negócios, cultura, turismo, história, política, educação, saúde, segurança e comunidade, entre outros.
O Conversa de Peso tem o patrocínio de Sicredi, Faculdade IENH, KSA Contábil, Merkator Feiras e Eventos, DSI Internet e Central de Alarmes.

