Programa destacou com o Outubro Rosa o papel do SUS, o avanço tecnológico em exames e a importância da empatia e da informação no cuidado com a saúde feminina em Novo Hamburgo e no Vale do Sinos.
O mês de outubro é marcado mundialmente pela campanha Outubro Rosa, e o programa Estação Hamburgo, da Vale TV, dedicou a edição do dia 20 de outubro de 2025 a uma conversa essencial sobre prevenção e diagnóstico precoce do câncer de mama.
Apresentado por Jaqueline Saraiva, o programa reuniu Andréa Bezerra, coordenadora do Centro Municipal de Imagem da Fundação de Saúde Pública de Novo Hamburgo; Ana Paula Martins e Carolina Maciel Martins, técnicas em radiologia; e Najara Ermogens, técnica em enfermagem. Durante uma hora, o público acompanhou um diálogo profundo sobre o funcionamento da rede pública de saúde, a evolução dos exames de mamografia e ecografia, o acolhimento às pacientes e os mitos que ainda cercam o tema.
Campanha global e conscientização local
O programa começou com um resgate histórico sobre o Outubro Rosa, campanha que nasceu nos anos 1990 nos Estados Unidos a partir de uma mobilização de enfermeiras e empresas privadas. Em 1997, a ação ganhou corpo com a famosa “Corrida pela Cura”, e em 2002 o Brasil iluminou pela primeira vez o Parque do Ibirapuera, em São Paulo, na cor rosa — símbolo mundial da prevenção.
Desde então, o movimento se consolidou como o primeiro mês temático de saúde e, a partir dele, surgiram outros como o Novembro Azul e o Setembro Amarelo. “Todos os anos reforçamos o alerta para que as mulheres procurem seu ginecologista e façam seus exames preventivos. Essa é uma campanha de todos, não só da saúde, mas de conscientização coletiva”, destacou Andréa Bezerra.
O papel do SUS e os avanços tecnológicos
O debate trouxe informações valiosas sobre o funcionamento da rede municipal de saúde de Novo Hamburgo. Segundo Andréa, o novo fluxo implantado pela Fundação de Saúde Pública permite que a própria paciente agende a mamografia diretamente no posto de saúde, sem precisar passar pela prefeitura, o que reduziu significativamente o tempo de espera.
“Antes o processo era lento. Hoje, a mulher consulta no posto, sai com o exame agendado e faz o procedimento em poucos dias. O resultado entra automaticamente no sistema e o médico já o acessa na consulta seguinte”, explicou a coordenadora.
O Centro Municipal de Imagem conta com um mamógrafo digital de alta tecnologia, fabricado na Alemanha, que realiza exames com 30% menos radiação e maior qualidade de imagem. O equipamento substitui o antigo método com placas e revelação de filmes e permite diagnósticos instantâneos.
“É importante dizer que o SUS oferece tecnologia de ponta. Nosso aparelho é o mesmo encontrado em clínicas particulares”, afirmou Carolina Martins, técnica em radiologia. “Ele reduz a compressão da mama e torna o exame mais rápido e confortável, sem comprometer a precisão.”
Mamografia e ecografia: exames que salvam vidas
As convidadas explicaram as diferenças entre mamografia e ecografia (ou ultrassonografia mamária). Segundo o Ministério da Saúde, a mamografia é indicada anualmente para mulheres a partir dos 40 anos, mas pode ser solicitada antes em casos de histórico familiar ou suspeita clínica.
“Mulheres jovens que sentem alguma alteração nas mamas devem fazer a ecografia. Esse exame é o primeiro passo para investigar qualquer anomalia e pode identificar cistos, líquidos e nódulos benignos”, destacou Najara Ermogens, técnica em enfermagem.
Para mulheres acima dos 40 anos, a mamografia é considerada insubstituível: ela detecta microcalcificações e alterações imperceptíveis ao toque, com até 95% de chance de cura se o diagnóstico for precoce.
“É importante lembrar que o autoexame é complementar, mas não substitui o exame de imagem. Muitas mulheres deixaram de se cuidar acreditando que se não sentiram nada, estava tudo bem. O câncer de mama, em sua fase inicial, é silencioso”, reforçou Ana Paula Martins.
Empatia e acolhimento: o papel humano das profissionais da saúde
Um dos pontos mais emocionantes da conversa foi o relato das profissionais sobre o trabalho humanizado com as pacientes. Muitas mulheres chegam ao exame com medo, vergonha ou desinformação — e as técnicas acabam exercendo também um papel de acolhimento emocional.
“A palavra ‘câncer’ ainda assusta. Mas nós, profissionais, estamos ali para apoiar, conversar e tranquilizar. Tratamos cada paciente como se fosse alguém da nossa família”, contou Carolina.
No Centro Municipal de Imagem, todos os procedimentos — da mamografia à biópsia — são realizados por mulheres, o que cria um ambiente de confiança e sensibilidade. O serviço também oferece punção aspirativa de líquidos, quando necessário, para aliviar dores e desconfortos.
Fatores de risco e hábitos que influenciam
Durante o programa, Andréa Bezerra trouxe dados atualizados:
“A cada ano, cerca de 60 mil mulheres são diagnosticadas com câncer de mama no Brasil. Em Novo Hamburgo, realizamos 800 mamografias e até 600 ecografias por mês. O diagnóstico precoce é o que salva vidas.”
Ela destacou ainda os principais fatores de risco evitáveis, como obesidade, sedentarismo, tabagismo, uso de álcool e anabolizantes. Mulheres que menstruaram muito cedo, não tiveram filhos ou não amamentaram também apresentam maior vulnerabilidade.
“A amamentação é um ato de amor e também um fator protetor. Ela reduz significativamente o risco de desenvolver câncer de mama”, explicou Andréa.
As convidadas lembraram ainda que homens também podem desenvolver câncer de mama, embora representem cerca de 1% dos casos. “O preconceito e o medo ainda impedem muitos homens de procurar ajuda médica. É preciso quebrar esse tabu”, pontuou Ana Paula Martins.
Desmistificando o exame
Um dos temas mais comentados foi o mito de que a mamografia causa câncer. As especialistas esclareceram que a radiação emitida é mínima e segura, e o benefício do diagnóstico precoce é incomparavelmente maior.
“A exposição é controlada e ocorre apenas uma vez por ano. A cada nova tecnologia, a dose é ainda menor. A mamografia salva vidas — e é gratuita pelo SUS”, explicou Najara.
Elas também reforçaram cuidados simples antes do exame, como não usar cremes, desodorantes ou produtos cosméticos nas axilas, pois podem interferir na imagem. E, sempre que possível, agendar o exame cerca de 15 dias após o período menstrual, quando as mamas estão menos sensíveis.
Rede de apoio e esperança
O programa destacou ainda o trabalho da Liga Feminina de Combate ao Câncer de Novo Hamburgo, que oferece apoio psicológico, perucas, atendimento social e oficinas terapêuticas às pacientes. A equipe elogiou a agilidade da rede pública e o atendimento gratuito em todas as etapas — da prevenção ao tratamento.
“Quando o resultado indica câncer, a paciente é automaticamente encaminhada para a mastologia e o tratamento começa de forma rápida e organizada. É importante que a comunidade saiba que o SUS funciona e salva vidas”, afirmou Andréa.
Prevenção é o melhor remédio
Encerrando o debate, as convidadas reforçaram a importância de manter os exames em dia e de guardar os resultados anteriores para comparação, pois isso facilita o diagnóstico de possíveis alterações.
“Cuidar de si mesma é um ato de amor e de responsabilidade. Durante o Outubro Rosa ou não, faça seu exame, converse com seu médico e incentive outras mulheres a fazerem o mesmo”, concluiu Jaqueline Saraiva, apresentadora do programa.
O Estação Hamburgo é um programa exclusivo da Vale TV. Exibido ao vivo, de segunda a sexta-feira, das 20h às 21h, o programa reúne convidados em uma bancada de debates que analisa temas de interesse público. Desde 2015, o Estação Hamburgo se consolidou como um espaço plural e democrático, voltado à comunidade, com pautas que abrangem política, cultura, sociedade e as principais questões da região.
O Estação Hamburgo tem o patrocínio de Calçados Beira Rio 50 anos, Construtora Concisa, Exatus Contabilidade, Merkator Feiras e Eventos, JG Serviços, Coworking 360 e Universidade Feevale.
Debate realizado no dia 20 de outubro de 2025, no programa Estação Hamburgo, apresentado por Jacqueline Saraiva, na Vale TV.

