Caso reforça alerta sobre violência doméstica na Região Metropolitana, feminicídios, acende debate sobre rede de proteção às mulheres e as perspectivas para os feriados de fim de ano.
Na manhã desta terça-feira (21), morreu a mulher de 26 anos que permanecia internada desde o dia 8 de setembro, após ter sido esfaqueada nas costas pelo ex-companheiro no bairro Santos Dumont, em São Leopoldo.
Segundo a Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher – DEAM de São?Leopoldo, o agressor, de 42 anos, atacou a ex-companheira dentro da residência dela porque não aceitava o fim do relacionamento.
Após o ataque, o homem fugiu, foi localizado e preso horas depois, com intermediário popular (linchamento) segundo relato das autoridades. A vítima tinha um filho pequeno com o agressor. Com o falecimento da mulher, o crime agora é tratado como feminicídio consumado.
As circunstâncias do feminicídio
O ataque ocorreu na noite de 8 de setembro e a vítima foi encaminhada ao Hospital?Centenário, onde permaneceu internada por 43 dias até o desfecho fatal.
A delegada titular da DEAM em São Leopoldo, Michele?Arigony, informou que o enquadramento será alterado para o crime de feminicídio (tipificado pela Lei do Feminicídio – Lei 13.104/15).
Contexto e repercussão
Este caso se soma a uma triste estatística de violência contra a mulher no Rio Grande do Sul e no país, mostrando que o risco muitas vezes persiste mesmo após o rompimento das relações de convivência. A Lei Maria da Penha (Lei 11.340/2006) e a Lei do Feminicídio propõem mecanismos de proteção, mas a realidade aponta para lacunas na prevenção, no acompanhamento e no efetivo cumprimento de medidas protetivas.
Em audiência pública recente em Novo?Hamburgo, representantes de entidades de defesa dos direitos da mulher ressaltaram que muitas ocorrências de agressão não são formalmente registradas, e que vítimas relatam dificuldade de acesso aos serviços especializados.
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Rede de proteção local
Para as mulheres da região do Vale dos Sinos, quesitos como localização e funcionamento da Delegacia da Mulher, acolhimento psicológico, casas-abrigo, rondas e acompanhamento judicial são essenciais. Especialistas defendem que a rede de proteção deve atuar de forma integrada com saúde, assistência social, justiça e polícia. A instalação de salas especializadas de atendimento e a visibilidade da denúncia são demandas emergentes em vários municípios.
O trágico desenrolar desse caso lembra que o fim de uma relação não significa o fim da vulnerabilidade para muitas mulheres. A sociedade, o Estado e as instituições têm papel fundamental na construção de ambientes seguros — seja por meio de políticas públicas, seja por meio de redes de apoio comunitário. Cada histórico de ameaça ou marca de violência doméstica exige atenção imediata para evitar que episódios se transformem em feminicídios.