Centro Literário de São Leopoldo prepara novas antologias, projetos em escolas e participação nas feiras do livro de Porto Alegre e São Leopoldo.
No dia 15 de agosto de 2025, o programa Estação Hamburgo, da Vale TV, reuniu escritoras e escritores do Centro Literário de São Leopoldo para celebrar os 32 anos da entidade e refletir sobre o papel da leitura e da escrita na formação cultural e educacional da comunidade. Participaram do debate, mediado pelo apresentador Rodrigo Steffen, a ex-secretária de Educação de São Leopoldo Carmen Renée Ritter, a presidente do centro, Simone Dutra Oliveira, e o escritor e ativista cultural Valdir Grana. O encontro destacou a importância da produção literária local, o resgate da memória da imigração e os desafios de aproximar crianças e jovens da leitura em tempos digitais.
Uma história de resistência cultural
O Centro Literário de São Leopoldo foi fundado em 26 de agosto de 1993 pela professora e escritora Doroti Prato, junto a outros 23 intelectuais e artistas locais. Desde então, tornou-se referência regional na promoção da literatura e da arte, reunindo mais de 30 integrantes ativos entre escritores, professores e entusiastas da palavra escrita.
Ao longo dessas três décadas, o grupo lançou 12 antologias coletivas, muitas delas com foco em temas históricos e sociais, como os 200 anos da Imigração Alemã no Rio Grande do Sul e o 150º aniversário do massacre de Sapiranga, episódio emblemático da região.
Literatura como ferramenta de transformação
Durante o debate, os convidados ressaltaram que a missão do centro é transformar a sociedade pela leitura. Para Carmen Renée, a educação vive um momento de fragilidade, e cabe às entidades culturais oferecer alternativas:
“Hoje encontramos alunos que não conseguem estruturar um texto com começo, meio e fim. O déficit de leitura compromete não apenas a escola, mas toda a cidadania. O Centro Literário pode ajudar a reverter esse quadro, levando livros e narrativas para dentro das salas de aula”, afirmou.
Simone Dutra reforçou esse propósito ao destacar o novo projeto em parceria com o SESC, que pretende levar oficinas de leitura e escrita às escolas municipais ainda em 2025. “Queremos motivar não apenas os estudantes, mas também os professores, que são peças fundamentais nesse processo”, disse.
Novas publicações e feiras literárias
Uma das marcas do centro é a produção de antologias que reúnem escritores da região e convidados. A mais recente coletânea, lançada em 2025, foi dedicada à imigração alemã e reuniu relatos, contos e poemas que resgatam a memória da colonização e suas contradições.
Além disso, o grupo já prepara um novo volume previsto para 2026, ampliando a participação de jovens autores. “As antologias mostram a diversidade de vozes da nossa cidade. Temos professores, advogados, jornalistas e amantes da literatura que encontram nesse espaço a chance de publicar e se expressar”, explicou Valdir Grana.
O centro também confirma presença nas duas principais feiras literárias do estado: a Feira do Livro de Porto Alegre e a Feira do Livro de São Leopoldo, que acontecerão em novembro. A expectativa é ampliar a visibilidade da produção leopoldense e atrair novos leitores.
Ações de aproximação com a comunidade
Outra novidade é o retorno do projeto Encontro Cultural – Café com Poesia, idealizado por Valdir Grana. O evento, em sua 29ª edição, será realizado em setembro no Refúgio Cultural, em São Leopoldo, reunindo escritores, músicos e artistas para uma noite de integração cultural.
O Centro Literário também realiza reuniões abertas na Biblioteca Municipal Vianna Moog, em São Leopoldo, todo primeiro domingo do mês. Nesses encontros, além de discutir literatura, o grupo recebe novos membros e apresenta suas propostas à comunidade.
Literatura como espelho social
Para os debatedores, a literatura tem papel fundamental em revelar aspectos da sociedade que muitas vezes permanecem invisíveis. Exemplo citado foi a obra de Vianna Moog, escritor leopoldense reconhecido pela Academia Brasileira de Letras, cuja produção abordou temas de preconceito racial e social em pleno início do século XX.
“Se quase 100 anos atrás a literatura já denunciava o preconceito, isso mostra a atualidade e a urgência de seguirmos debatendo esses temas”, comentou Carmen Renée.
O futuro do centro
Ao completar 32 anos, o Centro Literário de São Leopoldo reafirma sua vocação de ser um ponto de encontro da cultura regional. Com novas antologias, projetos em escolas e participação ativa em eventos literários, a entidade busca renovar sua missão de formar leitores e escritores.
“Quem começa a ler nunca mais para. É um hábito que transforma vidas, abre horizontes e fortalece a cidadania. Nosso papel é despertar esse gosto e mantê-lo vivo”, concluiu Simone Dutra.
Clique na imagem abaixo para assistir ao programa do Centro Literário de São Leopoldo no canal da Vale TV no YouTube:
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Debate realizado no dia 15 de agosto de 2025 no programa Estação Hamburgo, apresentado por Rodrigo Steffen.