Educadora socioambiental Ana Carolina lidera projetos de reciclagem, audiovisual e inclusão social no Vale do Sinos, com destaque para o documentário “Meu Bairro, Minha História”, gravado na Feitoria, em São Leopoldo.
A educadora ambiental Ana Carolina Dutra da Silva, nascida em São Leopoldo e cada vez mais uma referência regional em sustentabilidade, compartilhou sua trajetória em entrevista ao programa Conversa de Peso, exibido na Vale TV. Atuando na consultoria Apoena Socioambiental e à frente de projetos como o documentário “Meu Bairro, Minha História”, Ana Carolina defende que transformar resíduos em oportunidades é também um exercício de cidadania e valorização comunitária. O trabalho que desenvolve junto a cooperativas, escolas e universidades ressignifica o conceito de lixo e conecta educação, meio ambiente e justiça social no Vale do Sinos.
Transformando a vivência em missão
Filha de Cleonice e Rudinei, Ana Carolina cresceu com vizinhos catadores, avôs que reciclavam informalmente e vivências escolares que já apontavam para um futuro comprometido com o meio ambiente. Seu interesse por química e gestão ambiental, ainda no ensino técnico, se desdobrou em especializações e numa atuação prática voltada à transformação social. Hoje, ela é voz ativa na Apoena Socioambiental, com projetos que unem educação ambiental, audiovisual e inclusão.
“Foi no contato com as cooperativas que entendi o papel central dos catadores. Mais que agentes ambientais, são heróis do cotidiano”, afirma.
A educação como semente
Na entrevista, Ana Carolina critica a forma superficial como a educação ambiental ainda é tratada nas escolas. “Há um foco em datas comemorativas, mas pouco se fala de forma prática sobre compostagem, separação correta ou sobre quem são as pessoas que lidam com nosso lixo”, comenta.
Ela defende uma abordagem mais integrada, com escolas, empresas e poder público envolvidos em projetos reais. Um exemplo disso é o impacto dos dados sobre geração de resíduos: cada brasileiro produz, em média, 1 kg de lixo por dia. Apenas 4% desse total é reciclado – e 90% desse volume passa pelas mãos de catadores.
Do lixo à valorização comunitária
A atuação de Ana Carolina vai além da gestão de resíduos. Um dos seus principais projetos é o Meu Bairro, Minha História, documentário audiovisual criado dentro do Vira Feitoria, que revela memórias, desafios e conquistas da comunidade da Feitoria, em São Leopoldo.
Com oito episódios, o projeto retrata desde a origem da Univale (cooperativa de catadores) até a relação dos moradores com o bairro, passando por história local, empreendedorismo, educação, comunicação e assistência social. Realizado com apoio do Fundo Social da Sicredi Pioneira e executado em parceria com a Univale, o trabalho contou com entrevistas emocionantes, inclusive com moradores que ajudaram a construir a comunidade.
“A gente percebeu que muitos não conheciam o trabalho das cooperativas locais. Então, quisemos mostrar o valor humano e social por trás da reciclagem. Isso transforma a percepção da comunidade”, relata Ana.
Construção coletiva com poucos recursos
O projeto é um exemplo de como parcerias locais e dedicação voluntária podem gerar grandes resultados. A equipe priorizou fornecedores da própria região e contou com profissionais que, além de qualificados, acreditaram na proposta e aceitaram atuar por valores acessíveis.
“Conseguimos entregar um trabalho de qualidade graças ao envolvimento de todos”, conta Ana Carolina. “É um trabalho construído com afeto, verdade e pertencimento.”
Quando o resíduo vira narrativa
O impacto do documentário vai além das telas. No lançamento, no Espaço Sicredi Feitoria, moradores se emocionaram ao se verem retratados, reconhecendo sua história e sua importância na construção da comunidade. A série também está sendo exibida semanalmente na Vale TV e disponível no YouTube.
Mais do que reciclagem, reconhecimento
Ao refletir sobre o futuro da educação ambiental e da gestão de resíduos, Ana Carolina reforça que sustentabilidade precisa ser entendida como um conceito humano, e não apenas técnico. “Não basta separar o lixo. É preciso entender que há alguém do outro lado, com nome, rosto e história, que depende do nosso cuidado para transformar esse material em renda e dignidade.”
Com empatia, conhecimento e compromisso, Ana Carolina Dutra da Silva segue fazendo da educação ambiental um instrumento de mudança no Vale do Sinos – com ações que, além de reciclarem resíduos, ajudam a reconstruir identidades.
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Entrevista para o programa Conversa de Peso, com Rodrigo Steffen.