Vice-presidente do Aimoré e diretor do São Léo Open, o odontólogo Júnior transformou São Leopoldo em referência nacional no tênis, fortalece o futebol local e inspira com o Sarau do Rio — um movimento que resgatou a relação da cidade com o seu rio.
Uma vida dedicada a São Leopoldo, ao esporte e à cultura. Essa é a marca de José Carlos Ferreira Júnior, mais conhecido apenas como Júnior, natural do bairro Scharlau e figura amplamente reconhecida no Vale do Sinos e Rio Grande afora. Dentista por formação, ele deixou o consultório para abraçar com mais intensidade as suas paixões: o esporte, a cultura e a cidade.
Hoje, aos 55 anos, Júnior é vice-presidente do Clube Esportivo Aimoré, diretor da Quadra Eventos — empresa que organiza cerca de 30 projetos esportivos pelo estado — e idealizador do Sarau do Rio, uma iniciativa cultural que devolveu vida à margem do Rio dos Sinos. Mas talvez sua realização mais emblemática seja o São Léo Open, torneio internacional de tênis que colocou São Leopoldo no calendário da ATP e transformou a cidade em vitrine do tênis mundial.
Júnior, suas raízes no bairro Scharlau e a veia associativista
Júnior nunca saiu de São Leopoldo. Cresceu na Scharlau, viveu as rivalidades entre os clubes União e Guarani e sempre teve o espírito de liderança. Ainda no colégio Pedrinho, fundou o Grêmio Estudantil e, desde então, nunca mais deixou de organizar, participar e impulsionar iniciativas coletivas. Na UFRGS foi membro do Diretório Acadêmico. Como diretor da Associação Brasileira de Odontologia, foi responsável por campeonatos esportivos que uniam dentistas de todo o estado.
“Eu sou o pior esportista que tu já viu”, brinca, mas a verdade é que ele sempre esteve nos bastidores fazendo o esporte acontecer. A trajetória no associativismo e no esporte escolar e universitário pavimentou o caminho para sua atuação como gestor esportivo — e, depois, como criador de eventos culturais e esportivos de grande relevância.
São Léo Open: da quadra de saibro ao circuito internacional
O São Léo Open nasceu modesto, com uma premiação simbólica e poucos inscritos, mas cresceu com consistência e ambição. Em 2004, tornou-se internacional, com chancela da ITF (Federação Internacional de Tênis), e em 2011 passou a ser Challenger da ATP, com premiação atual de 100 mil dólares. O torneio é considerado um dos melhores do Brasil e referência para tenistas em ascensão.
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Clique na imagem abaixo para assistir ao vídeo no YouTube do primeiro programa:
Entre os atletas que já passaram por São Leopoldo está o prodígio João Fonseca, que conquistou seu primeiro ponto no ranking mundial justamente nas quadras do São Léo Open. “Isso ninguém vai tirar de São Leopoldo”, diz Júnior, orgulhoso.
O evento, que movimenta mais de R$ 2 milhões, traz retorno direto à cidade: são mais de 200 pessoas envolvidas na organização, 200 mil reais em hospedagens e centenas de espectadores movimentando o comércio local. Além disso, o projeto São Léo Sem Crianças oferece aulas de tênis gratuitas para jovens da rede pública, ao longo do ano.
Aimoré: muito além dos 90 minutos
Desde janeiro de 2025, Júnior também é vice-presidente do Clube Esportivo Aimoré, o tradicional “Índio Capilé”. Em uma gestão marcada pela profissionalização e comprometimento, o clube voltou a atrair torcedores e a ser respeitado no cenário estadual. “Não é coincidência o que está acontecendo. A gente trouxe organização, seriedade e amor pelo clube”, afirma.
Com o lema “Muito além dos 90”, a atual diretoria busca preparar o clube para o futuro, valorizando sua história e fortalecendo sua identidade comunitária. As redes sociais do clube dispararam em engajamento, a média de público cresceu e o Aimoré se tornou símbolo de um novo momento para o futebol de São Leopoldo.
Clique na imagem abaixo para assistir ao vídeo da segunda entrevista com Júnior, no YouTube:
Sarau do Rio: cultura e pertencimento à margem do Sinos
Foi na beira do Rio dos Sinos que Júnior idealizou um de seus projetos mais impactantes: o Sarau do Rio, uma celebração da cultura local que nasceu da ausência de eventos culturais em São Leopoldo. Com música, poesia, artesanato e comida de rua, o sarau transformou um espaço marginalizado em ponto de encontro da cidade.
O evento começou sem estrutura, com tapetes no chão como palco e músicos se apresentando gratuitamente. “O primeiro foi pequeno, mas o segundo explodiu. A gente via as pessoas descendo a lombinha com cadeiras de praia. Era um reencontro com a cidade e com o rio”, relembra.
O Sarau cresceu, recebeu investimento e artistas consagrados, como Duca Leindecker e Serginho Moah, mas manteve seu espírito comunitário. Durante a pandemia, ficou dois anos sem edições, mas foi eleito, em pesquisa espontânea, o evento de que os leopoldenses mais sentiam falta — à frente até da São Leopoldo Fest.
Um homem que planta futuro onde vive
José Carlos Ferreira Júnior é um exemplo de liderança afetiva, comprometida e transformadora. Com humildade e bom humor, constrói pontes entre gerações e iniciativas, sempre com São Leopoldo no centro das atenções. Seja com raquete na mão, microfone na beira do rio ou na tribuna do Aimoré, ele mostra que a força de uma cidade está em quem escolhe permanecer e cuidar dela todos os dias.
Entrevista para o programa Conversa de Peso, com Rodrigo Steffen.