Sindicato dos Bancários, Sindicato dos Vigilantes e representantes da sociedade civil criticam proposta contra segurança bancária que retira obrigatoriedade de portas giratórias com detectores de metais e vigilância armada em agências.
Uma proposta de lei que tramita na Câmara de Vereadores de Novo Hamburgo reacendeu um debate urgente: a segurança nas agências bancárias da cidade. O Projeto de Lei Executivo nº 40/2025, encaminhado pelo prefeito Gustavo Fink em regime de urgência, propõe flexibilizar a obrigatoriedade de portas giratórias com detectores de metais e de vigilância armada em agências bancárias — medida em vigor no município desde 2013. A proposta gerou forte reação por parte do Sindicato dos Bancários de Novo Hamburgo, do Sindicato dos Vigilantes, de juristas e da comunidade em geral.
O tema da retirada das portas giratórias e a segurança bancária foi pauta do programa Estação Hamburgo, da Vale TV, na edição de 14 de julho. Participaram do debate o diretor do Sindicato dos Bancários, Bruno Lousada; o presidente do Sindicato dos Vigilantes, João Alfredo Ferreira; o advogado Henrique Schneider; e o diretor do Sindicato dos Bancários Sérgio Gomes. Durante o programa, os convidados denunciaram os riscos sociais, econômicos e trabalhistas da proposta e reforçaram a necessidade de manter os dispositivos de segurança que, segundo eles, salvaguardam trabalhadores, clientes e a própria economia local.
Medida visa modernização ou corte de custos?
De acordo com os sindicalistas, o projeto de lei representa uma ameaça direta à segurança de bancários, vigilantes e clientes, além de abrir precedentes para fechamento de agências e demissões em massa. Bruno Lousada questiona: “Quem ganha com isso? Certamente não é a população. Não são os trabalhadores. A única beneficiada é a Federação dos Bancos (Fenaban), que não gera empregos em Novo Hamburgo e agora quer reduzir ainda mais sua presença física”.
Já o advogado Henrique Schneider classificou a proposta como “sem lógica”, destacando que “não há vantagem para ninguém, exceto para os bancos. Um bancário trabalhando sob tensão produz menos, o que é ruim para o banco, e o ambiente sem segurança bancária afasta clientes e desvaloriza o centro da cidade.”
Preocupação com a segurança e com o emprego
O presidente do Sindicato dos Vigilantes, João Alfredo Ferreira, alertou que cerca de 300 vigilantes poderão perder seus postos de trabalho caso a proposta seja aprovada. “Hoje temos 32 agências na cidade, e cada uma precisa de vigilância em tempo integral. Se as portas giratórias forem retiradas, não haverá justificativa legal para manter esses profissionais”, afirmou.
Ferreira ainda criticou o argumento da modernização usado pelo governo municipal: “Ficar vivo é moderno. A gente precisa de segurança, não só digitalização forçada.”
Efeitos colaterais no comércio e na economia local
A retirada das portas de segurança e a consequente redução de bancários e vigilantes impactam diretamente o comércio do entorno das agências, segundo o diretor Sérgio Gomes. “Menos pessoas circulando nos bancos significa menos gente comprando no comércio do centro. É uma reação em cadeia que pode afetar restaurantes, padarias, papelarias e outras pequenas empresas.”
Bruno Lousada destacou o caso do bairro Canudos, que perdeu as agências do Itaú, Santander e Bradesco entre 2022 e 2025. “O roteiro é o mesmo: tira a porta, tira o vigilante, mexe com a segurança bancária, reduz o público e fecha a agência. Isso obriga as pessoas a se deslocarem até o centro, o que gera mais gastos e desconforto, especialmente para idosos e pessoas com baixa familiaridade digital.”
Projeto pode aprofundar exclusão digital e insegurança
Outro ponto abordado pelos convidados foi o risco de exclusão de públicos mais vulneráveis, como idosos, ao promover uma digitalização forçada do atendimento bancário. “Nem todo mundo quer ou consegue resolver tudo pelo celular. Além disso, a insegurança digital também existe, e os golpes virtuais estão cada vez mais sofisticados”, alertou Henrique Schneider.
Os debatedores também questionaram o argumento de que a redução de crimes justifica a retirada dos dispositivos de segurança bancária. “Justamente a existência das portas com detector de metais e dos vigilantes contribuiu para a queda nos crimes. Tirar esses elementos é retroceder”, disse Lousada.
Câmara reage, e audiência pública é solicitada
Após pressão dos sindicatos e da sociedade civil, vereadores como Daiane Hanich (MDB) e Luciana Martins (PT) manifestaram-se contra o projeto. A vereadora Daiane pediu vistas para melhor análise da matéria e, segundo os sindicalistas, afirmou publicamente que “nos termos atuais, não pode votar a favor”.
Diante da mobilização, o Sindicato dos Bancários protocolou na Câmara de Vereadores e junto ao Executivo um pedido formal de audiência pública, com base na Lei Orgânica do Município. A ideia é ampliar o debate e garantir transparência no processo legislativo.
Posicionamento da população é fundamental
Durante o programa, os convidados reforçaram o chamado para que a população se manifeste. “Essa é uma pauta que vai além do interesse da categoria. É sobre segurança pública, emprego e o futuro da cidade. Cada cidadão precisa procurar seu vereador e deixar clara sua posição”, enfatizou Sérgio Gomes.
O apresentador Rodrigo Steffen finalizou a edição com um apelo à sensibilidade dos governantes: “Novo Hamburgo precisa de desenvolvimento, sim, mas não às custas do desemprego e da insegurança. Que esse projeto seja revisto com responsabilidade e diálogo”.
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Debate realizado no dia 14 de julho de 2025 no programa Estação Hamburgo, apresentado por Rodrigo Steffen.

