Após mais de quatro décadas dedicadas ao jornalismo, João Ávila anuncia o encerramento de sua trajetória de coberturas, acompanhando o fim do projeto Jornal O Vale, que circulou com 40 edições.
Com uma carreira iniciada em 1983 como repórter esportivo no Jornal NH, Ávila percorreu diversos caminhos na profissão, passando por editorias de polícia, política e esportes. Ele encerrou um longo ciclo no Grupo Sinos em 2022, antes de integrar o time do Jornal O Vale, projeto que celebra os 200 anos da imigração alemã com uma proposta histórica e editorial definida.
“Logo após a saída do Jornal NH, recebi o convite do Rodrigo para integrar a equipe da Vale, inicialmente no portal valedosinos.org. Mas o Rodrigo já tinha em mente o projeto de lançar o Jornal O Vale, que conta com 40 edições e celebra os 200 anos da imigração alemã. Estamos chegando ao final desse projeto maravilhoso, que considero um marco para toda a comunidade. Não é um legado só meu, nem do Guilherme, nem do Rodrigo, é algo que toda a comunidade pode se orgulhar de ter vivenciado.
Enfrentamos grandes desafios, como as cheias de 2024, que dificultaram bastante o ano. Agora, na 40ª edição, temos um produto digno de ser guardado como um registro histórico. Aposto que no futuro esse material será objeto de estudo em universidades de jornalismo. Ele vai despertar o interesse para entender como e por que foi criado, e qual foi o impacto do Jornal O Vale nesse contexto dos 200 anos da imigração alemã”, pontuou a importância do jornal.

Ávila destaca o aprendizado constante da profissão, mas também reflete sobre as transformações do jornalismo nos últimos anos. Para ele, a busca desenfreada por cliques e a superficialidade de parte do conteúdo produzido atualmente afastaram o jornalismo de seu papel como ferramenta de transformação social.
Apesar disso, sua paixão pela música segue como uma fonte de inspiração. “Sou apaixonado por música, curto Pink Floyd, Raul Seixas, Rock de Galpão, mas não deixo de escutar a boa música gaúcha”, revelou.
“O que me preocupa é que o tripé formado pelos jornalistas, pelos meios de comunicação e pelas universidades está completamente desequilibrado. Os meios não conseguem competir com a nova dinâmica da comunicação. As universidades, por sua vez, parecem mais preocupadas em ‘gourmetizar’ o ensino do jornalismo, tornando-o algo mais romântico e menos prático, menos voltado para a formação necessária.
Basta observar os estudos que são realizados hoje nos cursos de graduação. Quantos desses estudos analisam o papel de veículos como a Zero Hora, no contexto do jornalismo no Rio Grande do Sul, ou do Correio do Povo, que tem mais de 100 anos de trajetória e nasceu no século 19?”, questionou.
Agora, Ávila segue em novos projetos, mas mantém sua paixão pela comunicação. “Além do jornalismo, tenho uma outra atividade em uma área completamente diferente: sou corretor de imóveis e atuo nesse segmento há algum tempo. Inclusive, sou um dos delegados da Delegacia do Creci na região do Vale dos Sinos, delegado de integração regional. Essa é uma área distinta, mas, no que diz respeito à minha trajetória no jornalismo, hoje estou mais focado em trabalhos de assessoria e consultoria.
Quando o jornal se encerrar, o meu ciclo como jornalista de redação também se encerra. Com a última edição do Jornal O Vale, será a última vez que você verá um texto meu publicado sobre política ou outro tema em um veículo de comunicação”, concluiu.