Responsável por, aproximadamente, 27% da atividade econômica da região, a indústria é considerada força vital para o desenvolvimento das comunidades. É ela a responsável por trazer “dinheiro novo” para os municípios, o que fortalece os outros setores como o comércio e serviços. Além disso, a indústria nunca está sozinha. Pelo contrário, ela movimenta uma cadeia, fomentando o desenvolvimento de outras empresas ao redor, responsáveis pelo fornecimento de insumos e de maquinário. Sem contar, é claro, a criação massiva de empregos e geração de renda.
Para Fauston Saraiva, diretor da Associação Comercial, Industrial e de Serviços de Novo Hamburgo, Campo Bom, Estância Velha e Dois Irmão (ACI-NH/CB/EV/DI), a indústria tem importância fundamental na economia da região. “É ela que transforma a matéria-prima em consumíveis e essa transformação gera a riqueza que a região necessita para a arrecadação dos impostos, para financiamento da coisa pública, para geração de empregos, para compra e venda do comércio, para fomentar os serviços que também vão estar ao redor da indústria”, exemplifica. O executivo elenca o setor industrial como o grande cerne da economia de uma cidade, de um estado e de um país. “A indústria sadia, o município industrializado, ele vai ter um comércio forte, serviços fortes. Vai ter não só o giro do dinheiro, mas a criação de dinheiro, vai trazer dinheiro novo para fomentar a região”, defende.
Na mesma linha, Daniel Klafke, presidente da Associação Comercial, Industrial, Serviços e Tecnologia de São Leopoldo (Acist-SL), defende a força vital da indústria. Em São Leopoldo, por exemplo, as empresas — desde grande a pequeno porte — são responsáveis por 30% do Produto Interno Bruto (PIB). “Superior à participação da indústria no Estado”, sublinha. Para Klafke, esse resultado é fruto dos investimentos de grandes indústrias, inclusive multinacionais, que geram renda e desenvolvimento em São Leopoldo, mas também das centenas de pequenas e médias empresas que fornecem produtos e serviços para as grandes.
No segundo trimestre deste ano, por exemplo, as exportações de São Leopoldo somaram US$ 100 milhões, com o embarque de armas, motores, couros, alimentos para animais, dentre outros artigos, mostrando a diversificação produtiva local. Conforme o Boletim Socioeconômico da Acist-SL, o estoque de empregos formais foi de 61.066 trabalhadores no primeiro trimestre no município, sendo que o setor da Indústria correspondeu a 33,5% deste total.
Mesmo com sua importância, no entanto, a indústria sofre com algo primordial para o seu crescimento: a mão de obra qualificada. Isso porque, nos últimos anos, ocorreu a migração da força de trabalho para outros setores, principalmente o comércio e serviços. Além disso, por exigir qualificação e aprimoramento constante, as empresas também dependem dos atrativos regionais para reter os talentos. “A falta de mobilidade, a falta de infraestrutura e a falta de segurança, que são mazelas sociais da atualidade, também agravam a contratação de mão de obra qualificada”, pondera Fauston Saraiva.
Para a pesquisadora Lisiane Fonseca da Silva, professora da Universidade Feevale, outro desafio do setor é compreender as mudanças que vêm acontecendo no mercado, principalmente quando se fala na indústria calçadista e da moda. “O calçado, por exemplo, é um bem que atende uma necessidade importante das pessoas, diferente de itens supérfluos. Mas é necessário estar atento ao que o mercado busca. Temos percebido mais espaço para produtos de maior valor agregado como conforto, segurança e ergonomia. Isso vai além da beleza e preço do produto”, alerta.