Antes da criação da Colônia Alemã (ou Imperial) de São Leopoldo, em julho de 1824, a região era ocupada por empreendimentos do Governo do Império Brasileiro, como era o caso da Real Feitoria do Linho Cânhamo, onde o linho era plantado para a produção de cordas, ou a Fazenda Real da Estância Velha, para criação de gado.
Além disso, existiam outras fazendas ou propriedades, originadas em concessão de sesmarias – desde o período em que o Brasil era Colônia Portuguesa – ou apropriação por parte de posseiros. Deste modo, temos uma população marcada pela presença luso-brasileira, negra, indígena, principalmente.
O que se iniciou a partir do fim do funcionamento da Real Feitoria do Linho Cânhamo, em março de 1824, foi a implantação do primeiro grande empreendimento de colonização articulado pelo jovem Império do Brasil e o governo da Província de São Pedro do Rio Grande do Sul. Esse projeto tinha alguns objetivos importantes a serem alcançados, atendendo interesses das autoridades e necessidades nacionais e provinciais.
De forma bastante simples, podemos dizer que era de grande importância realizar o povoamento das diversas regiões do RS, introduzir o modelo da pequena propriedade de terra, com a aplicação de uma forma de produção agrícola baseada na pluricultura de gêneros.
Além disso, não podemos esquecer das questões de defesa e garantia da posse do território, marcado por conflitos diversos, especialmente com a Argentina, mas também com a Província Cisplatina, entre 1825 e 1828, que se torno o Uruguai independente a partir daquele último ano. Assim, a experiência militar dos imigrantes foi fundamental nesse aspecto.
Com esse panorama, mesmo que descrito de maneira mais resumida, podemos dizer que, historicamente, o marco fundamental que marcou a criação de São Leopoldo, enquanto base para um futuro município, se deu a partir de 25 de julho de 1824, quando um novo projeto e modelo administrativo, econômico e social de organização foi estabelecido pelos governos imperial e provincial.
E a localização para esse projeto era também estratégica, pois ficava nas proximidades de Porto Alegre, capital da Província, que passou a ser abastecida com os gêneros agrícolas ali produzidos, mas também a estabelecer, em pouco tempo, outras interações comerciais com a Colônia Alemã de São Leopoldo.
Alguns anos após a sua fundação, São Leopoldo, além de força no campo da agricultura, já apontava uma produção artesanal e comercial significativa, o que contribuiu para o fortalecimento cultural, educacional e religioso desta região. Tanto que, durante a Guerra Civil Farroupilha (1835-1845), os habitantes de São Leopoldo foram cooptados por rebeldes e legalistas.
E, mais significativo, fez com que São Leopoldo fosse emancipada de Porto Alegre em 1º de abril de 1846, se tornando a Vila de São Leopoldo, com status de município autônomo. Iniciava-se, a partir daquele 1º de abril, novo capítulo da história leopoldense, cujas páginas estão sendo escritas ao longo destes 200 anos.