Ao longo prazo, os gaúchos sentirão os efeitos da catástrofe climática, especialmente no que tange os alimentos, preços e ofertas. Um setor afetado é o leiteiro, assolado agora pela catástrofe climática. Mas, para além deste desastre, já havia sido impactado no outono deste ano, marcado pela elevada umidade relativa do ar e grandes amplitudes térmicas. Essas são situações que causam desconforto nos animais e, consequente, descompasso na produção do leite.
Temperaturas do ar, umidades relativas do ar e amplitudes térmicas elevadas propiciaram situações de estresse térmico ao longo do trimestre, principalmente em março. “Em somente 49,7% do período deste mês os animais estiveram em conforto térmico. Houve, inclusive, situações perigosas à vida dos animais em 6,6% do mês de março”, contabiliza a pesquisadora Adriana Tarouco.
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Ela é uma das autoras das análises de dados publicadas no Comunicado Agrometeorologico 71 – Especial Biometeorológico Outono 2024, editado pelo Departamento de Diagnóstico e Pesquisa Agropecuária, da Secretaria da Agricultura. O Comunicado analisa as condições meteorológicas ocorridas no período.
Registro negativo em Campo Bom
As enchentes de maio causaram a morte de animais e prejudicaram a coleta e a comercialização do leite, devido à impossibilidade de ordenha e à falta de acesso às propriedades em várias localidades. Todos são fatores que contribuem para a estimativa de queda na produção de leite do Rio Grande do Sul.
“Para as vacas com produção entre cinco a 20 quilos diários, as maiores perdas foram estimadas para as fêmeas com produção diária de 20 quilos em Campo Bom e em Uruguaiana, com menos 3,9 quilos de leite ao dia no mês de março, e em Santa Maria, com menos quatro quilos de leite por dia em maio”, enumera Adriana.
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Crise já era registrada em março
A região de São Borja/Baixo Vale do Uruguai se destacou pelo menor percentual de horas do trimestre em que os animais tiveram conforto térmico (28,9%), além de cinco municípios com valores inferiores a 40%, em março. Em abril, somente em três foram registrados percentuais inferiores a 60%. Em maio, os percentuais de horas em conforto térmico foram superiores a 80% em todas as regiões.
As estimativas de queda de produção com números superiores a seis quilos diários são para fêmeas com produção média de 40 quilos/ dia. Estes foram observadas em 10 dos 16 municípios avaliados (62,5%) no mês de março, em que foi registrado o menor percentual de horas em conforto térmico para os animais.