A invasão nos mais de 900 hectares da Area de Proteção Ambiental (APA) da Avenida dos Municípios, em Novo Hamburgo, segue crescendo, e muito rápido.
Nesta semana, a reportagem de DuduNews e Aurélio Decker visitou a localidade, que fica na via que liga a capital nacional do Calçado a Campo Bom. Virando a direita na estrada da Integração, já se nota sinais de desgaste da enorme localidade.
Em alguns pontos da área de preservação, a reportagem atestou muito lixo, descaso com a área, e até mesmo perigo. Em um ponto, sacos de lixo ficaram atirados em meio à rodovia. E mais lixo estava sendo depositado – por pessoas de fora da ocupação. A cena foi flagrada em frente a uma entrada para o bairro Canudos.
Algumas casas, construídas em meio à área invadida, ficam na beira do asfalto, gerando sensação de insegurança em casos de acidentes.
No início da estrada, boa parte da área ainda não está tomada. Mas, após 1 quilômetro de rodagem pela estrada, o que se nota é o crescente número de novos moradores nas terras, que parte pertencem a iniciativa privada, e outra ao governo do Estado.
MORADAS
Na maior parte como chalés de madeira, as ocupações contam com luz elétrica e água, em especial do poço artesiano. Muitas são construídas em espaços que são abertos, numa espécie de rua, que liga a várias casas dentro de um espaço estabelecido.
“EU CUIDO”
O autônomo Roque de Carvalho, é o mais novo autônomo da área. Ele abriu uma tenda, em frente a uma grande fábrica: é a “Tenda do Carvalho”. A reportagem foi até o local e conversou com o morador de Novo Hamburgo há quase 40 anos, é um caso a parte.
Roque contou que comprou a área onde hoje habita por pouco mais de 40 mil reais. “Sim, entendo a situação de morar aqui, mas eu cuido dessa área. Diferente de muitos, que estão aqui só para sujar, não parecem querer as coisas limpas”, contou.
Carvalho mora no local há cerca de 5 meses. Abriu a tenda, que hoje já demonstra sucesso. Vende caldo de cana, pastel, café. Montou tudo direitinho, do jeito que pode. Roque contou que, no local, até consegue plantar. “Aqui plano, tenho minha casinha”, contou. Questionado se não tem preocupação com uma possível enchente, por morar no banhado, ele salientou que não possui alerta sobre isso.
É um caso único dentro da invasão, de cuidado com aquela área – mesmo compreendendo suas dificuldades. Roque até lata de lixo bota para que pessoas que simplesmente ali jogam lixo, no meio da área verde, botem seus resíduos. “É o que posso fazer para ajudar”, comenta.
A reportagem conversou com um carroceiro, que evidenciou medidas que foram tomadas em Campo Bom. “Aqui ao lado ninguém invade, Campo Bom é muito rígida com essas medidas”, comentou.
No ano passado, a prefeitura foi até o local para tentar acabar com a ocupação. Com retroescavadeiras, conseguiu tirar boa parte das casas da localidade. Mas, logo após, surgiram outras.
OUTRO PEDIDO
Um hamburguense enviou outro relato a reportagem. É sobre a falta de iluminação na avenida. “Tá muito difícil trafegar a noite por aqui. É um medo de ter cavalo no meio da rodovia, de ter animais, ou até pessoas. Não tem alguma iluminação”, afirma. A reportagem contatou a prefeitura e o governo do Estado em busca de respostas.