A morte de Fernando dos Santos Lopes, nove anos, vítima de um tiro na cabeça, na tarde do último domingo (16), deixou a família desolada. O menino estava no banco de trás de um automóvel Volkswagen Gol dirigido pelo tio quando foi atingido por bala perdida, no bairro Santo Afonso, em Novo Hamburgo.
“Meu filho era perfeito. Uma criança desenganada pelos médicos quando recém-nascido pois nasceu prematuro. Era um menino alegre brincalhão, ele era lindo e me tiraram ele”, lamentou o pai, Edison de Souza Lopes, em entrevista à Rádio Gaúcha e GZH.
Conforme o delegado André Serrão, titular da Delegacia de Homicídios da cidade, que investiga o caso, por volta das 17h30min de domingo, ocupantes de um Chevrolet Prisma atiravam contra um Peugeot na Rua Valparaiso, no bairro Santo Afonso, quando o veículo em que estava a vítima ingressou no local. Segundo o delegado, o Gol não era alvo dos tiros.
A Polícia Civil segue em busca de imagens de câmeras de segurança que possam auxiliar na identificação do autor do disparo. Segundo o delegado, a principal linha de investigação da polícia é de que os disparos estejam relacionados ao tráfico de drogas, mas ele pontua que ainda é cedo para ter certeza.
“Eu não sei dos meus sentimentos agora. Tá tudo misturado, raiva, ódio, saudade. Olho para os lados porque ele me via e sempre vinha correndo dar abraço, não importava a hora que ele tivesse me visto. Se de manhã antes de eu ir trabalhar e ele iria com seu irmão pra escola, ou se eu simplesmente fosse na padaria e voltasse, ele vinha me abraçar e dizia “meu paizão voltou”, lembrou o pai em entrevista à Rádio.
O Prisma de onde partiram os disparos foi encontrado queimado na Avenida Floresta, Vila Palmeira, em Novo Hamburgo, e passará por perícia. De acordo com a Brigada Militar, o carro havia sido roubado no dia 8 de outubro.
Uma tia de Fernando, que preferiu não se identificar, lembrou do nascimento prematuro do sobrinho e da sua dedicação nos estudos. “Ele era um menino muito especial, filho mais novo da minha irmã, um verdadeiro guerreiro. Lutou pela vida desde pequeno quando nasceu prematuro e passou um tempo no hospital, agora era estudante da Escola Edgar Coelho, no quarto ano, aluno dedicado muito inteligente e querido por todos”, comenta.
O FIM
Este editor aqui manifesta: tal caso é a linha tênue entre o absurdo e a realidade. Afinal, estamos levando o absurdo para a realidade de nossos dias? É “normal” que uma criança de 9 anos seja atingida por uma bala de arma de fogo, na cabeça, disparada por bandidos? Não. Isso não é somente um absurdo: é um crime. E crimes merecem justiça. E a imprensa não cessará enquanto isso não acontecer.