David Coimbra nos deixou. Nesta sexta-feira (27), após uma longa e dura contra o câncer, desde 2013, David partiu após internação no Hospital Moinhos de Vento, em Porto Alegre. Foram dias duros, mas com uma linda despedida de um dos mais celebrados jornalistas do Rio Grande do Sul: uma crônica em Zero Hora, onde ele deixa a mensagem: “A vida é boa”.
E, para David, a vida foi boa. Mesmo com os percalços, ele a viveu intensamente, criando um espaço inimaginável na vida de milhares de gaúchos, e dentro da comunicação gaúcha.
E essa construção, antes de começar e durar mais de 30 anos no Grupo RBS, passou por Novo Hamburgo. David trabalhou entre 1992-1993 no Grupo Sinos. E, sobre sua passagem por Novo Hamburgo, decidiu escrever.
O DuduNews recuperou uma crônica de David publicada em ZH em 12 de janeiro de 2009. No texto, David fala do que chama um dos patrimônios imateriais de Novo Hamburgo.
NATA, SCHMIER E LINGUIÇA
“Quando trabalhava lá em Novo Hamburgo, sempre arrumava umas pautas lá pelo centro, pelo meio da tarde. Sabe para quê? Para ir a uma das banquinhas na praça do Imigrante, e pedir o seguinte: uma caneca de café com Leite e uma fatia de pão caseiro untada com copiosa camada de nata, e outra igualmente copiosa camada de Schmier, estando ambas as camadas encimadas com meia dúzia de rodelas de linguiça, na época muito melhor, por que com trema. Que deleite aquele café no centro de Novo Hamburgo!
Prato bem alemão esse, mistura de doce com salgado. Lembro do meu avô, o velho alemão Walter, comendo arroz. Minha avó servia-lhe um pratão de arroz, e, ao lado, acomodava uma composta que ela mesmo havia preparado, de pêssego ou figo em calda, e depos derramava sobre o monturo de arroz, e comia com gosto.
Se Novo Hamburgo não tiver prato típico, bem que poderia eleger este. Podia até fazer um festival de pão com schmier, nata e linguiça”, disse, naquela crônica. Ela segue falando sobre futebol do interior – segundo o David, o motivo desta crônica.
David, em tua homenagem, a prefeita Fátima Daudt e os vereadores deveriam decretar esse patrimônio. Que grande verdade!