Entidades governamentais, e não-governamentais, autoridades, representantes dos empresários se preocupam com a queda nos empregos
A simples apresentação da proposta para debater a “Lei Seca”, legislação que restringe a venda de bebidas alcoólicas em hotéis, bares, restaurantes e similares, em horários ainda a serem pré-estabelecidos pela comunidade organizada, no espaço Cultural Albano Hartz, no Calçadão, em Novo Hamburgo, gerou uma discussão acalorada na tarde de segunda-feira.
A decisão, porém, somente deverá sair depois do assunto ser debatido nos diversos bairros da cidade, decidiram os participantes do encontro. A reunião foi chamada pelo Conselho Municipal de Entorpecentes (Comen), Saúde (CMS) e o de Segurança Pública.
Durante manifestação do empresário César Corrêa da Silva, escolhido para representar a categoria varejista e o Sindicato de Hotéis, Bares, Restaurantes e Similares de Novo Hamburgo, Campo Bom, Estância Velha, Ivoti, Sapiranga, Dois Irmãos, ele disse que a entidade se posiciona a favor da vida, da saúde e da família e sabe dos malefícios que as bebidas alcoólicas provocam na sociedade, assim como sabe dos malefícios das drogas entorpecentes, do fumo e de outras substâncias químicas.
O empresário fez questão de deixar registrado durante o encontro de que é necessário um estudo mais aprofundado de impacto sobre os empregos que serão extintos e aqueles que vão deixar de ser gerados em Novo Hamburgo, bem como, definir o que será feito com as famílias que serão atingidas com o desemprego em função da aprovação da lei seca?
Silva destacou que numa recente entrevista, o representante da universidade de Bologna, Massimo Pavarini, teria dito, que na Itália, há horários para se vender álcool, mas que não funciona e não atinge seu objetivo de reduzir a violência na comunidade.
A entidade, diz Silva, sugere ações como a fiscalização dos alvarás, vistorias maciças em automóveis que circulam à noite e durante o dia, com uso de bafômetro, criação da lei federal, semelhante a do fumo, que obriga os fabricantes de bebidas alcoólicas a informar a população sobre os malefícios do seu uso abusivos, criação de programa de inserção no curriculum escolar municipal e estadual, possibilidade de participação de um representante da categoria no Conselho Municipal de Entorpecentes.
Os comerciantes se colocaram contrários à instalação da Lei Seca em Novo Hamburgo ou de qualquer lei estadual que restrinja a liberdade da população. “Mas nos colocamos a disposição para achar soluções que minimizem o impacto negativo do álcool, dos entorpecentes, das armas e dos automóveis, na sociedade”, argumentou o empresário. Além disso, ele disse existir o compromisso do sindicato da categoria, em colocar cartazes informativos nos estabelecimentos comerciais, desde que identificada por campanhas públicas.
Bar Alternativo
Circulou na internet durante o dia de ontem um convite do Bar Alternativo convidando seus clientes e amigos para participar da audiência pública que ocorreu na tarde de hoje e pedia que votassem contra a proposta de acabar com a comercialização de bebidas após a meia noite.
Organizadores
Pelo Conselho Municipal de Entorpecentes – Comen esteve presente e trabalhou na organização do evento, o presidente da entidade, Darci Luiz Domingues. Pelo Conselho Municipal de Saúde esteve defendendo a necessidade de um debate mais abrangente e que apresente a sociedade os benefícios da implantação da Lei Seca, em Novo Hamburgo, o presidente da entidade, e também vereador, Vitor Gatelli.
Segundo ele, o município tem uma despesa muito significativa na Unidade de Tratamento Intensivo do Hospital Municipal, e destina um volume muito alto de recursos públicos no atendimento de vítimas de acidentes de trânsito de pessoas alcoolizadas. Para ele, seria interessante que a comunidade procurasse tomar conhecimento desse montante investido pelos governantes, com essa finalidade específica.
O representante do Conselho Municipal de Segurança Pública, Evaldo Gomes Rodrigues diz que a organização se reuniu por diversos momentos, inclusive com a presença do secretário municipal de Segurança, José Carlos Trevisan e definiu pela criação de um grupo de trabalho, para tratar sobre o assunto. Em reunião recente foi definido que pela complexidade do assunto, o debate seria levado para a comunidade de todos os bairros da cidade.