Estudo que traçou raio-X da criminalidade em Novo Hamburgo revelou dados curiosos e algumas surpresas
A pesquisa que realizou um diagnóstico da criminalidade em Novo Hamburgo foi divulgada nesta segunda-feira. O estudo, realizado pelo Centro Universitário Feevale a pedido da Prefeitura de Novo Hamburgo, analisou 37.292 ocorrências entre os anos de 2002 e 2006.
A idéia é que o trabalho sirva de subsídio para a finalização do Plano Municipal de Segurança Pública que estará pronto até o fim do ano, permitindo que o Município tenha acesso a recursos federais para a área.
Os dados fornecidos pela Secretaria de Justiça e Segurança (SJS) demonstram que ocorreram 210 homicídios no município de Novo Hamburgo durante os anos de 2002 a 2006. O diagnóstico considera os períodos do ano, bem como os locais de maior incidência, o meio utilizado, o perfil das vítimas e dos autores.
Os registros indicam que os homicídios aparecem com maior incidência nos meses de janeiro (12,9%), fevereiro (10,5%), junho (10%) e dezembro (9%). No ano de 2002 esse tipo de delito representou 21,9% dos registros efetuados e em 2006 22,4%.
Quanto ao local do crime, os dados apontaram que o bairro Canudos e Santo Afonso lideraram os casos em que são informados com 32,9% e 23,3%, respectivamente. Quanto ao turno, os crimes são praticados à noite (44,8%) e durante a madrugada (24,3%) e o instrumento mais utilizado nessa prática (intento) foram as armas de fogo (81,4%).
A relação que se estabelece entre o autor e a vítima representa um alto percentual de pessoas que não responderam com 79%, ficando em segundo lugar, com 8,1%, aquele onde os criminosos eram conhecidos das vítimas.
Perfil das vítimas
Quanto ao perfil da vítima apresentado nas ocorrências, notou-se que os homens são os mais atingidos nos homicídios, com uma grande concentração de vítimas do gênero masculino (90%), seguido pelo gênero feminino, com 9,6%.
A análise dos dados permitiu descobrir que 33,2% das vítimas tinham idade igual ou superior a 21 anos até a faixa de 30 anos, sendo que a faixa etária posterior também concentra grande percentual: de 31 a 40 anos, com 28,4% dos fatos.
No estado civil, as maiores vítimas são os solteiros que representam 64,8%, ficando os casados em segundo lugar, com 21,2%. Essas vítimas se caracterizam por serem da cor branca, com 81,6%; e ainda com uma escolaridade média de 8 anos, ou seja, o ensino fundamental, com 48%; Esse dado é bem significativo, marcando o perfil da vítima de homicídio no município.
Os homicidas são em sua maioria do gênero masculino, com 92,7%, compreendendo uma faixa etária mais jovem que as vítimas entre 21 a 30 anos com 36,4% , ou ainda, até 20 anos, com 29,1%, considerando a possibilidade dos menores de idade estarem envolvidos nesses crimes. Estão caracterizados nesse perfil de homicidas, indivíduos de cor branca, reunindo 79,1% dos dados e o estado civil mais alto foi para os solteiros (63,6%).
A escolaridade dos indiciados registradas nas ocorrências também se caracteriza pelo ensino fundamental, devido à pouca idade dos mesmos, com 45,5%. Os indiciados no momento do fato não apresentavam sinais de alcoolismo, com 14,5%. Nesse item específico, os dados registram a falta de resposta, com 53,6% das análises das ocorrências.
Projeção
A partir dos dados dos anos anteriores, a pesquisa aponta uma projeção da criminalidade para o município de Novo Hamburgo como um todo no ano de 2007. Assim, nota-se que há tendência de manutenção dos índices dos crimes contra a pessoa (lesão corporal e homicídios). O mesmo ocorre em relação aos crimes contra o patrimônio. Porém, percebe-se que há tendência de aumento dos furtos e diminuição dos roubos. Há uma tendência de crescimento nas ocorrências em geral.
Centro e Canudos: alvos principais
Analisando os crimes contra a pessoa e os crimes contra o patrimônio, em 26 bairros da cidade, o que chama a atenção é a grande quantidade de ocorrências nos bairros Canudos e Centro.
Das 11.463 ocorrências registradas de 2002 a 2006 em Canudos, 2.053 (24,9%) foram contra a pessoa e 4.989 (19,5%) contra o patrimônio. Já no Centro, foram registrados 648 (7,8%) ocorrências de crimes contra as pessoas e 3.773 (14,7%) contra o patrimônio. Deve-se destacar ainda que no bairro Canudos há mais crimes contra o patrimônio do que contra a pessoa.
A violência em Hamburgo Velho
A surpresa maior dos números está na violência per capita, ou seja, qual o bairro onde há mais crimes por morador. E o estudo apontou Hamburgo Velho. Os números apontam que neste bairro, durante os 5 anos, foram registradas 15,63% dos atos de violência contra as pessoas, seguido por Rio Branco, com registros de 9,26% e do Centro, com 9,25% dos casos.