A violência está em foco novamente, nunca deixou de estar, porém com a crise no Vale, mais uma vez é assunto em pauta.
E nossas crianças como estão lidando com esta situação? Que mensagem estão assimilando? Muitas vezes presenciam a vovó, o dindo, a família sendo assaltados, roubados, agredidos. Os objetos que possuem vínculos são levados… Ah! O material a gente recupera. Sim, é verdade. Mas o cheiro, a relação construída também é roubada.
Acabam por ficar com medo de pessoas com boné (se assim viu o assaltante), presenciaram o poder da arma (que evitamos que eles brinquem), temem a chegada em casa que antes era prazerosa, já não brincam mais no jardim. Traumas que se instalam.
Agradecemos à vida quando ela não é levada. No entanto, nossas crianças estão sendo agredidas no que ouvem, no que vêem, no que sentem.
O que fazer? Ensinar nossos pequenos temerem a tudo? Protegê-los como?
A criança que vivencia “o crime” deve ser observada e amparada. Dando oportunidade para que possa falar do que viveu. E, por vezes, contar com apoio dos especialistas para amenizar a dor, diminuir a cicatriz e resgatar a liberdade.
Os objetos roubados gradativamente poderão ser substituídos, dando o prazer a criança do “quase” reencontro e a possibilidade de uma nova história com este construir.
E assim vamos vivendo, construindo, perdendo, reconstruindo! Talvez esta seja a “parte boa”: aprender sobre a vida como ela é ou como ela vem sendo!
Kelin Becker é pedagoga e psicopedagoga