Não chega a ser a salvação do tango, nem da música eletrônica.
Mas algo muito interessante vem ocorrendo na cena musical de Buenos Aires e Montevideo nos últimos anos. A nova geração de platinos, gente que tem o tango pulsando nas veias, estão trabalhando em uma novidade que tem tudo a ver: “Tango eletrônico” ou “Electrotango”.
Quem abriu caminho foi “Bajofondo Tangoclub” (projeto de Gustavo Santaolalla, oscarizado pela trilha de “Brokeback Mountain”) e o intercontinental “Gotan Project”, que rodou o mundo todo em turnê. A fórmula até parece óbvia: pastiches, colagens e loops (às vezes intermináveis e, confesso, um pouco repetitivos) de sons extraídos das empoeiradas discotecas de tango dos seus avós, sobre bases eletrônicas, descaradamente igual ao estilo chill-lounge do Café del Mar (que também popularizou o bossa-lounge na Europa).
Nesta trilha vem o Tanghetto, que me parece um grupo um pouco mais autoral, compondo baladas mais pé-no-chão, músicas que têm ao menos começo, meio e fim (uma das coisas que me chateia na música eletrônica é a falta de coesão nas faixas que ficam repetindo exaustivamente umas poucas idéias e terminam como começaram…). Talvez este sabor diferente seja porque o grupo tem um componente que é bandoneonista (Federico Vazquez), e toca “novas” frases no instrumento, ao invés de fazer colagens de coisas antigas. Confira!
Ah! Esqueça as versões que o Tanghetto fez do New Order e o Depeche Mode. A menos que você nunca tenha ouvido tango na vida… Aquele fraseado tão enfadonho executado por um bandoneon deve ter feito Piazzolla revirar-se no caixão…
Ok, vamos de alma leve!!! Não é tango! É electro…
Bajofondo tangoclub: http://www.bajofondotangoclub.com/
Gustavo Santaolalla: http://www.rock.com.ar/bios/0/91.shtml
Gotan Project: http://www.gotanproject.com
Café Del Mar: http://www.cafedelmarmusic.com/
Tanghetto: http://www.tanghetto.com/
PICK OF THE WEEK – Astor Piazzolla – Oblivion
Já que estamos falando em quebrar barreiras do tango, impossível não lembrar de Astor Piazzolla (não estamos fazendo comparações…). Este homem que nos anos 50 (e ao longo das próximas décadas) suscitou furiosas discussões ao fundir o tango com a nova linguagem do jazz que ouvira na Europa, durante seus anos de estudos.
“Oblivion” é antes que uma música, uma poesia harmônica arrebatadora, executada de um modo magistral e sensível por este gênio da música do século XX. Tomo emprestadas de Vitor Ramil as sete cidades virtuosas da “Estética do Frio” para descrever esta música: Rigor, Profundidade, Clareza, Concisão, Pureza, Leveza e Melancolia.
Imprescindível!
Tudo o que tem sobre Astor Piazzola na mídia está também em:
Vitor Ramil e a Estética do frio:
http://www.vitorramil.com.br/
Afonso Henrique Oliveira Félix é mestre em engenharia química e apaixonado por música