Médico legista hamburguense fala das dificuldades de reconhecimento das vítimas da tragédia da TAM
O médico legista e chefe do Posto Médico Legal (PML), de Novo Hamburgo, Cláudio Freitas Gonçalves, acredita na possibilidade de alguns corpos não serem identificados entre as vítimas da tragédia com o vôo 3054 da TAM.
Gonçalves foi ouvido pelo portal novohamburgo.org a respeito do trabalho do Instituto Médico Legal de São Paulo no reconhecimento das vítimas. Ele também afirma que os legistas paulistas podem ter dificuldades em razão de haver “fragmentos de corpos”, ou até mesmo partes misturadas, levando em consideração o impacto do acidente e as altas temperaturas às quais os corpos foram submetidos.
Segundo ele, mesmo se for encontrado apenas um braço da vítima, por exemplo, e havendo a identificação, o “fragmento” poderá ser entregue à família para o sepultamento.
O médico hamburguense informa que Novo Hamburgo foi convocada para servir como ponto de coleta de sangue ou outros materiais de parentes de vítimas que estavam no vôo 3054 da TAM.
Gonçalves diz que é interessante que ocorram coletas de sangue do pai, da mãe, e avós e outros familiares das vítimas, além da obtenção da maior quantidade de informações físicas. Dessa forma, o PML de Novo Hamburgo poderá dar suporte às equipes técnicas que trabalham em São Paulo.
“Ocorre que há casos de familiares que não deram conta pela ausência de um dos seus, apesar da divulgação de uma relação com os nomes de quem estava no avião, mas houve vítimas que estavam fora da aeronave”, observa. As informações e o material coletado aqui são enviados a Porto Alegre, de onde são repassadas a São Paulo.
O legista também fala como os profissionais fazem a identificação dos corpos e “fragmentos” disponíveis nos sacos que estão no IML de São Paulo. Segundo Gonçalves, eles começam pela busca de impressões digitais. O passo seguinte é a arcada dentária e, por último, o exame de DNA.
“Só que para realizar um exame de DNA é preciso que o fogo tenha deixado algum tecido mole, célula nucleada, sangue, osso com medula ou, em último caso, um dente”, argumenta. Há informações é que, em alguns casos, os corpos foram muito destruídos, inclusive impossibilitando este exame.
No caso de falta de identificação do corpo de uma vítima, ainda existe a possibilidade dos familiares revelarem a existência de algum objeto que possa ter sido encontrado junto a vítima. Se nada disso funcionar, cada família deverá apelar para o último recurso: ir à Justiça e conseguir provar a morte da pessoa, para só então solicitar a certidão de óbito.
