Por Ricardo Cézar
Sempre tive vontade de viajar pelo mundo e, quando um amigo me falou sobre a Nova Zelândia, minhas vontades passaram a ser planos e, em menos de um mês, já havia cancelado meu semestre de Letras na Unisinos e comecei a arrumar minhas malas.
Eu queria muito estudar no exterior e, como eu era professor de inglês, sabia que esta poderia ser a minha chance de realmente aplicar o que havia aprendido na faculdade e nos anos de experiência no ramo: fiz matrícula em um curso de inglês avançado, o qual mais tarde foi um pouco mais além de um curso de verão para estrangeiros.
Para minha surpresa, quando chegou o dia de pegar o avião, foi uma correria na agência, pois meu vôo tinha sido cancelado e eu teria que pegar um “volta ao mundo”. Na mesma hora aceitei sem pensar e fui ao mundo!
O primeiro vôo, em dezembro de 2005, foi para Frankfurt, na Alemanha, onde recebi um visto temporário de 24 horas para conhecer o lugar, mas estava tão frio que peguei um resfriado e acabei ficando apenas ao redor do aeroporto. Fazia 8 graus negativos neste dia.
O próximo vôo foi para Changi, em Singapura, onde fiquei mais 24 horas e, lá sim, pude conhecer lugares magníficos e bater algumas fotos bem intrigantes. As pessoas de lá são calmas e vestem um tipo de lençol enrolado no corpo, e para minha surpresa, os edifícios de lá deixam qualquer prédio nova-iorquino no chinelo!
Em seguida fui para Bangkok, na Tailândia, onde fiquei por cerca de 15 horas com visto temporário também, mas nada me impediu de passear bastante e conhecer um pouco da cultura. Não sabia para onde olhar primeiro! Havia pirâmides gigantescas bem no centro de praças públicas e monumentos milenares em todos os cantos, até mesmo nas janelas e vitrines. Fiquei realmente impressionado com a beleza daquele lugar e parecia que tudo era feito de ouro puro ou prata.
Também na Tailândia passei de barco no rio Chao Phraya que corta Bangkok de fora a fora e nas suas margens foram construídas réplicas idênticas de casas tradicionais de vários países: França, Japão, Rússia, EUA e muitos outros. Vale a pena conferir!
Como o horário da Nova Zelândia fica num fuso completamente oposto ao do Brasil, cheguei no país de destino quase uma semana depois de sair de casa e estava tão cansado que dormi durante dois dias sem saber se era hora de levantar ou de dormir. Ah, recebi um visto de visitante por 3 meses.
Para mim, foi um choque cultural gigantesco, pois tudo que se puder imaginar deve ser feito ao contrário aqui. Os carros são dirigidos na direita, os pedestres jamais atravessam a rua num sinal vermelho para pedestres, as ruas só não são lustradas por que a chuva arruinaria o brilho e as pessoas são muito educadas, até demais. O país é dividido por cidades e possui quatro milhões de habitantes apenas (a população de Porto Alegre!).
Os Maoris ou nativos daqui não são aborígenes (me disseram que eu encontraria canibais). Bem pelo contrário, dirigem seus carrões, falam inglês como primeira língua e ganham tudo do governo britânico. Também são muito gentis. Quando falamos que somos do Brasil eles nos abraçam e celebram, diferentemente de outros países, onde somos tratados como inferiores.

Voltando ao assunto estudos, meu curso foi um sucesso. Recebi um certificado de inglês avançado com méritos de melhor aluno e fui convidado a entrar no bacharelado em comércio exterior oferecido pela mesma instituição, mas o valor a pagar era muito alto! Foi aí que as coisas mudaram de rumo completamente. Voltei para o Brasil e consegui levantar o dinheiro para pagar pelo primeiro semestre. Voltei (desta vez num vôo Argetina>NZ) e comecei a estudar (junho de 2006).
Logo as portas começaram a se abrir e, como desta vez voltei com visto de estudante para um ano, logo consegui trabalho, e adivinha em quê? Comecei como auxiliar administrativo num canal de tv chamado TV3 e logo já estava colocando previsão do tempo e legendas em tudo que seria publicado naquele canal (tinha conhecimento em Photoshop e programas de edição e produção de imagem e vídeo).
Aqui, eles querem ver talento e dedicação. O papel (tão famoso) vem em segundo lugar, por incrível que pareça. Neste trabalho, vi e estive bem pertinho de famosos como White Stripes e outras bandas de rock, assim como jogadores de futebol e políticos locais, mas como era regra no trabalho, nada de câmeras ou paparazzi, tem que ser profissional (que vontade de abraçar e pedir autógrafos…)
Pois bem, após alguns meses, já estava bem enjoado com os números e resolvi cancelar meu curso e fazer algo diferente. Resolvi então dar um tempo e viajar um pouco mais. Ver novas caras e novos lugares. Até então eu estava estagnado na cidade de Auckland, a maior e mais populosa (2 milhões de habitantes).
Em fevereiro de 2007, fui para Rotorua, uma cidade completamente recheada de vulcões e águas termais, parques muito bonitos e montanhas com neve que fazem o queixo cair! (eu nunca tinha visto neve).
Mais ao sul, visitei Wellington, a capital, Taupo (onde fiz bungee jump e Zorb – uma bola de borracha gigante que rola montanha a baixo contigo dentro) e consegui fotos incríveis do litoral ‘kiwi’ (como são chamados os moradores e tudo relacionado ao país). Outras cidades que realmente valem a pena visitar são: Whakapapa, Hamilton, Gisborne e Tauranga, onde as praias são azuis como o céu ou verdes como folha de grama!
Quando achei que minha viagem tinha acabado e quando meu visto estava quase acabando, encontrei o curso dos meus sonhos, o bacharelado em ciências da computação (em Auckland). Passei nas provas eliminatórias e já estou estudando de novo.
Desta vez, acho que vou tentar ficar até o fim, mas a saudade de Novo Hamburgo está machucando no peito. Quando paro para pensar na nossa história e na nossa cultura, dá uma dor no peito!
Saudades do meu Rio Grande do Sul, e principalmente da minha cidadezinha, que por sinal, tem muita história para contar!