Por Mirela Manfro da Silva
Fomos morar na Itália, eu e meu marido, Tiago, durante seis meses, devido a um curso em Terapia de Família e Casal que eu sonhava em realizar. Foram seis meses aprendendo muito sobre psicologia, mas principalmente a respeito da cultura italiana e viajando sempre que era possível.
Uma das nossas viagens inesquecíveis foi feita com “mochilas nas costas” literalmente, com alguns rumos pré-definidos, mas nada muito programado. Saímos de Roma bem cedo pela manhã, cada um somente com uma mochila e poucas roupas para levar junto, pois iríamos conhecer as cidades caminhando e parando em albergues. Os destinos seriam a cidade de Pisa, Arezzo e Veneza.
A temperatura nesta época do ano (mês de abril) é muito agradável. São ares de primavera, necessitando somente de um casaco, porque a noite faz mais frio. Organizamos as partidas e chegadas nestas cidades primeiramente pela internet, onde consultávamos os horários disponíveis e já comprávamos os bilhetes de trem pelo computador mesmo.
Da mesma forma, consultávamos hotéis e albergues, mas a melhor forma para a consulta de estadia são os guias turísticos de cidades. Fomos para a estação de trem central da cidade de Roma, o Términi, lugar lindo e de fácil localização, que conta com diversas lojas e restaurantes. Partimos às 7 horas da manhã do dia 22 de abril de 2006, com destino à cidade de Pisa.
Pisa, dia 22 de abril – Chegamos à cidade de Pisa depois de 4 horas e meia de viagem de trem, passando pelas maravilhosas paisagens da região da Toscana, onde se localiza Pisa. Vale a pena fazer esta viagem durante o dia, pois a beleza da viagem de trem é imperdível.
Descemos na única estação da cidade e lá mesmo já compramos um mapa do local. A cidade é pequena e de muito fácil localização. É só seguir mesmo o mapa numa linha quase reta, onde culmina com a “Piazza del Duomo” ou “Campo dei Miracoli”, onde está a famosa torre de Pisa.
Tranqüilamente se pode fazer o percurso a pé mesmo. É mais bonito, mas existem táxis e ônibus também. É só pedir informações a qualquer pessoa na estação.
Indo caminhando, saímos da estação numa rua cheia de lojas de grife, a “Via Corso Itália”, onde vale a pena caminhar com calma e curtir a beleza de cidade do interior da Itália, já que em Pisa tem pouquíssimos pontos turísticos.
Seguimos a rua sempre em linha reta, passando um rio lindo para tirar fotos e logo enxergamos a Torre de Pisa. Construída com mármore branco em 1153 por Bonanno Pisano, é muito inclinada mesmo, onde tiramos as famosas “fotos segurando a Torre”. É possível subir no topo da torre e depois visitar as outras duas construções que existem na praça, o Duomo e o Battistero.
Uma ótima pedida é, depois de tirar muitas fotos, deitar na grama da praça (todos fazem isso por lá) e curtir a paisagem, pois é lindo mesmo. Mas recomendo um dia para passear na cidade. É o suficiente.
Saímos da praça e pegamos um ônibus para o único albergue que existe na cidade, todos conhecem e o preço é ótimo. Passamos a noite ali e conhecemos hóspedes de diversas partes do mundo. Pela manhã, chamamos um táxi e pegamos um trem bem cedo, às 7 horas da manhã de domingo, com destino à cidade de Arezzo.
Arezzo, dia 23 de abril – Ainda na região da Toscana, Arezzo é, na minha opinião, uma das cidades mais lindas da Itália, toda em estilo medieval. Depois de duas horas de viagem, estávamos em Arezzo. Na própria estação da cidade, compramos um mapa e iniciamos a caminhada.
Para quem gosta ou tem condições de caminhar, é a melhor forma de conhecer Arezzo. É uma cidade em “subida”, por isso cansa um pouco, mas vale a pena, pois desta maneira não se perde um só detalhe da arquitetura da cidade com lindos prédios e igrejas escondidas (vale a pena entrar em todas as igrejas que ficarem pelo caminho, todas são lindas).
Nesta cidade, foi filmado “A Vida é Bela” e, na praça onde se passa a maior parte do filme, encontram-se excelentes restaurantes com o custo bem acessível. Depois de andar bastante, comemos uma pizza na praça central e continuamos a “subida” pelas ruas de pedras da cidade. Ali, comemos o melhor sorvete italiano.
Chegando ao “topo da cidade”, localiza-se uma praça e, do outro lado, se vê os maravilhosos campos da Toscana, de uma altura surpreendente. Nesta praça, também existe um “forte” que fazia a proteção do local. É lindo, mesmo em ruínas.
Toda a cidade é cercada por um grande muro de pedras. Ainda existe grande parte desta construção e é possível avistá-la em vários ângulos. Saindo desta parte mais turística, fora dos muros que cercam a antiga cidade de Arezzo, a população continua a crescer.
É nesta parte que se encontrava o nosso albergue, um dos mais lindos lugares que já nos hospedamos. Uma construção nova, dentro de um parque rodeado de campo e flores. Fechou com “chave de ouro” nosso dia em Arezzo. Também é uma cidade que é possível conhecer em um dia.
Veneza, dias 24 e 25 de abril – Partimos cedo pela manhã de Arezzo e foram mais 5 horas de viagem de trem até Veneza. A cidade se localiza na região de Vêneto, que é famosa pela alegria de seus moradores. Possui duas estações de trem, uma localiza-se no continente e outra na ilha de Veneza.
Ficamos hospedados em um hotel perto da estação do continente, que se chama “Mestre”, de fácil localização. Ali pegamos um trem e em poucos minutos estávamos na ilha de Veneza. A passagem pela ponte é emocionante.
Chegando à estação “S. Lucia”, onde também compramos um mapa da cidade, porém, é muito difícil localizar-se dentro de Veneza. São ruas estreitas e é fácil se perder entre elas. Recomendo um táxi (eles andam dentro da água!) que leva a lugares específicos, pois nós, mesmo com o mapa, nos perdemos diversas vezes.
Porém, é muito bom se perder em Veneza, pois acabamos conhecendo muitos lugares “escondidos”, como praças e igrejas fantásticas. Caminhamos até o Gallerie dell’accademia, rica de artes e pinturas de Vêneto, realizadas entre os anos 300 e 700. São pinturas fantásticas.
Depois entramos em várias igrejas no caminho até a famosa praça São Marco, que é uma praça impossível de descrever. É belíssima. A Basílica que se encontra na praça vale a pena visitar por seus mosaicos impressionantes.
Ao lado da Basílica, existe o palácio Ducale (construído no século XII), que é realmente imperdível. Foi a residência dos doges e sede do governo, de um tribunal e de uma prisão do estado (impressionante as escritas nas paredes da prisão). Salas imensas e uma fachada em mármore branco e rosa fazem parte do museu. Precisam-se reservar algumas horas para este passeio.
Existem outros pontos turísticos que valem a pena ser conhecidos, como a Ponte dos Suspiros, a Torre do Relógio, entre outros. Um passeio de gôndola, apesar de caro, vale também.
No segundo dia, passeamos mais um pouco pelas ruas da cidade, voltamos a praça São Marco, com direito a mais calma nas lojas maravilhosas de máscaras e depois nos despedimos com uma certa “nostalgia” desta cidade que elegemos como uma das mais românticas no nosso passeio pela Itália. Partimos de Veneza à noite e chegamos já tarde em Roma.
Foi uma das mais fantásticas viagens que fizemos pela Itália, caminhando e curtindo cada pedacinho de algumas cidades deste belo país.
