Por Jerri Santos
A minha viagem inesquecível foi na companhia da minha família (Pépi, Júlia e Lucas) e meus amigos jipeiros dos grupos Lameiros do Sul (veja o site) e Paralamas. A expedição foi organizada pelos Lameiros do Sul sob a liderança de Luis Klauck e Luciano Strellow.
1° dia – 12/07/06 – Novo Hamburgo/Foz do Iguaçu
Chegou o grande dia: 4 horas da manhã de quarta-feira, largada para a grande expedição 2006. Quem pensava que algum dos 37 integrantes, acomodados em 11 veículos 4×4, fosse atrasar-se devido ao horário, enganou-se completamente.
Em plena madrugada, lá estávamos todos prontos. Saímos conforme o planejado via Montenegro, BR-386, Soledade e almoçamos em Maravilha (SC). Costeamos as margens do rio Uruguai, cruzamos o rio Iguaçu, entre outros.
Após muitas estradas ruins, cruzarmos três estados e chegamos a Foz do Iguaçu por volta da 19 horas. Foram 956 km percorridos no 1° dia. Acomodados no Hotel Best Western, em Foz do Iguaçu, decidimos que sairíamos no outro dia, às 07h30, para as compras no Paraguai. À tarde, conheceríamos Itaipu e as Cataratas do Iguaçu.
2° dia – 13/07/06 – Cataratas do Iguaçu/ Itaipu
Saímos cedinho para as compras no Paraguai, onde todos se realizaram com os preços muito baixos em relação ao mercado brasileiro e muitas novidades na área dos eletrônicos, radioamadorismo e informática.
À tarde, fomos visitar a maior hidroelétrica do mundo, Itaipu, simplesmente indescritível. Só vendo pessoalmente para ter uma noção da sua imponência. Depois, ainda conseguimos completar nosso objetivo: visitamos as Cataratas do Iguaçu, uma das maravilhas da natureza que ninguém pode deixar de conhecer um dia. Muitas fotos e filmagens foram feitas. Fechamos o dia confraternizando em uma churrascaria de Foz. Até aqui já havíamos percorrido 976,8 quilômetros.
3° dia – 14/07/06 – Foz do Iguaçu/Bonito (MS)
Partimos de Foz do Iguaçu direto a Bonito, Mato Grosso do Sul, onde chegamos ao anoitecer, todos sãos e salvos. Já na chegada ao Hotel Cabanas, cantamos o parabéns para o primeiro aniversariante da expedição, Lucas Santos, que completou 16 anos. Depois, fomos todos comemorar num restaurante no centro de Bonito.
4° dia – 15/07/06 – Gruta do Lago Azul/bote no Rio Formoso
Dia de visitação à Gruta do Lago Azul pela manhã. Nem as fotos podem descrever parte da sua beleza. Somente este passeio vale a viagem. É incrível! A Rede Globo gravou a novela Almas Gêmeas neste local.

À tarde, fomos para o passeio de bote no Rio Formoso. Emocionante, devido à beleza das margens do rio cheias de macacos prego, tucanos e diversos tipos de aves identificadas pelo guia, muito animado porque todos viraram crianças, fazendo guerrinha, jogando água nos outros botes para molhar os adversários e, por fim, muita adrenalina ao passar as corredeiras. Foi muito legal mesmo.
Com tanta programação cumprida neste dia, ainda não havíamos chegado ao seu final. Dali, fomos conhecer o Projeto Jibóia e brincar, literalmente, com a cobrinha de 2,5 metros, colocando-a em nosso pescoço e dando beijinho na boca. Depois de tudo isso, ainda encontramos fôlego para assar um suculento churrasco no quiosque do hotel. Até aqui já percorremos 1.841,5 quilômetros.
5° dia – 16/07/06 – Piscinas naturais/Bote nas corredeiras do Rio Formosinho – Passeio no Parque das Cachoeiras, 1.800 metros de trilha onde contemplamos a fauna e a flora e sete cachoeiras com piscinas naturais, onde tomamos banho, filmamos e batemos muitas fotos em águas límpidas e rejuvenescedoras. Ali, também almoçamos e provamos a comida regional mato-grossense.
À tarde, Bóia Cross, muito show. Um passeio pelo Rio Formosinho, dentro da fazenda que pertence ao Hotel Cabanas, onde estamos hospedados. Neste passeio, ficamos flutuando em bóias descendo rio abaixo, seguindo a correnteza do rio. O atrativo aí que a gente fica de bruços na bóia, observando o fundo do rio, que é totalmente transparente e assim vamos descendo o rio observando os peixes, a vegetação, etc. A adrenalina aflora quando passamos pelas diversas corredeiras e cascatas que existem ao longo do trajeto.
À noite, mais dois aniversariantes na expedição: Adelar e Andrius Dolzan, pai e filho no mesmo dia, novo motivo de festa, desta vez numa pizzaria e depois uma torta com champanhe no hotel. Até aqui já percorremos 1.905,6 quilômetros.
6º dia 17/07/06 – Flutuação e mergulho no Rio da Prata/Buraco das Araras

Simplesmente indescritível. Mergulhar juntinho, lado a lado, com cardumes de Dourados, Pacus, Curimbas, Piau Três Pintas, Joaninha e muitos outros. Peixes de 6, 7, 8 quilos, ali nadando ao nosso lado. Momento de tensão e emoção foi quando nos deparamos com um jacaré na margem do rio. Segundo o guia, nada nos aconteceria se não importunássemos o seu sossego.
À tarde, ainda fomos ao Buraco das Araras. Muito bonito, como o nome da cidade. São 47 casais de araras que moram em um grande buraco abaixo da terra, com mirantes para contemplar. Além do buraco, também podemos ver as araras nas árvores, bem de pertinho. Até aqui já percorremos 2.009,4 quilômetros.
7° dia – 18/07/06 Bonito a Anastácio/Aquidauana
A cidade fica mais para o meio do Pantanal. Passamos pela Serra da Bodoquena, onde conhecemos o Ceita Corê. Uma fazenda maravilhosa, com muitas cachoeiras e o Tirolesa (aquele cabo de ação que cruza um rio com uma roldana que conduz as pessoas penduradas até o meio do rio onde se soltam caindo na água).
Na sede da fazenda, onde almoçamos, a comida típica da região. Pudemos utilizar todas as dependências da casa, que preservam móveis e utensílios típicos de séculos passados. Também conhecemos a nascente do rio, que vem de uma caverna subterrânea vinda do lençol freático Guarani, que é o maior do mundo (os mais corajosos mergulharam para ver o seu interior).

Essa água aflora deste buraco no solo formando imediatamente o começo do rio que, logo adiante, na sede da fazenda tem suas águas correntes aproveitadas para o açude de peixes, piscina, e uma incrível calha de água mineral que cruza por dentro da cozinha e também pela lavanderia. Essa calha é feita de troncos de árvores entalhados de forma côncava. Depois, as águas da cozinha, lavanderia, açude e piscina, todas se unem novamente fazendo funcionar uma mini-hidroelétrica que gera energia para toda a fazenda. Simplesmente espetacular.
No final da tarde, seguimos rumo a Aquidauana, onde no meio deste trajeto, já à noite, tivemos o primeiro problema mecânico: a X-Terra do André Mello perdeu a polia da correia do comando, bem na frente de uma tribo indígena. Apareceu uma índia, muito simpática, para dizer que não precisávamos ter medo deles. “Nós somos gente boa, só não convido para tomar um café porque vocês são muitos”, disse a índia.
Improvisamos um conserto e seguimos até a cidade mais próxima (Miranda), onde jantamos xisburguer enquanto um mecânico consertava a X-Terra. Chegamos à Anastácio/Aquidauana tarde da noite. Curiosidade: o bisburguer estava uma verdadeira delícia e custou incríveis R$ 2,50 para quem pediu com ovo. Até aqui já percorremos 2.233,1 quilômetros.
8° dia – 19/07/06 – Dia de descobrir o Pantanal
Com a ajuda de um guia da região, fomos até os locais de maior dificuldade de acesso, possível apenas com a utilização de veículos 4×4 equipados com guinchos e pneus especiais. Tivemos a oportunidade de ver uma quantidade incrível de jacarés, emas, jaguatiricas, capivaras, macacos prego, araras vermelhas, araras azuis, jibóias, tatus, tamanduás bandeira (gigante e com filhote nas costas), servos, búfalo, lagartos, quatis, curicacus, cutias, tuiuiús, urutus, tucanos, papagaio, seriemas, cardeais, catorritas, chupins, socós, biguás, martim-pescador, pica-pau e muitos outros.
Fomos contemplados com a emocionante oportunidade de ficarmos presos no meio de uma tropeada de gado, guiada por peões boiadeiros no meio da rodovia. Ficamos cercados pelo gado e tivemos que acompanhar por alguns instantes a tropa. Neste mesmo dia, também conhecemos a Dona Maria e os jacarés que apareceram em uma reportagem do Globo Rural. Ela nos oportunizou tocar nos jacarés.

Não satisfeitos com tanta aventura, ainda no final da tarde resolvemos encarar mais de 100 quilômetros só de ida para conhecermos Corumbá e Puerto Quijarro, na Bolívia. Conhecemos a Zona Franca, compramos alguns cacarecos e voltamos a Aquidauana. Até aqui já percorremos 2.954,10 quilômetros.
9° dia – 20/07/06 Gripes e dores de gargantas
Sintomas causados pelos banhos de água gelada das cachoeiras, dor nas costas ou problemas de pressão causados pelas longas viagens e caminhadas, enjôos causados pelas viagens ou comidas fortes. Nada disso foi problema para um grupo que contava com cinco médicos bem preparados e equipados que, além da diversão, tiveram que tratar dos seus companheiros.
Todos medicados, levantamos bem cedinho e fomos conhecer a Fazenda Santa Cruz, dirigida pelo Beto Pantaneiro e esposa. A fazenda tem como atividade econômica principal a pecuária, com um rebanho de mais de três mil cabeças de gado em 6.500 hectares. A atividade secundária, mas em franco desenvolvimento através da filha Helena, formada em Turismo e Hotelaria, é o Ecoturismo.
A casa é digna de cenário de novela. Todos ficaram com vontade de voltar um dia e hospedar-se na própria fazenda para descanso. Lá também fizemos um safári que, para turistas normais, é feito com a Toyota da fazenda. Para nós, ela só serviu de guia, pois fomos com nossos jipes conhecer o Pirinsal, local onde aves como o Tuiuiú (ave símbolo do Pantanal) se procria. Podemos até contemplar um ninho de Tuiuiú bem de perto.
O Pirinsal é a parte do Pantanal que nesta época do ano podemos percorrer vendo uma fauna e uma flora exuberantes, com inúmeros atrativos e que a partir do mês de outubro tem toda a sua extensão coberta pelas águas da chuva formando uma grande inundação.

Segundo o Beto Pantaneiro, na época das cheias, tudo fica mais bonito, as árvores florescem e ficam mais verdes, os animais e os pássaros ficam mais alegres e a natureza trabalha. Agora, segundo ele, a natureza está descansando. Ele é uma figurassa (lenda), muito divertido, super-disposto e com uma cultura incrível nos dando uma verdadeira aula de cultura pantaneira. Até aqui já percorremos 3.107,1 quilômetros.
10° dia – 21/07/06 – a volta
Acabaram-se os passeios, chegou a hora de partir. Começamos a viagem de volta. Saímos de Aquidauana rumo à Cascavel, onde programamos um pernoite. Graças a mais um contratempo, a quebra do Troller do Rogério próximo a Campo Grande, tivemos a oportunidade de conhecer a capital do Mato Grosso do Sul enquanto o Rogério consertava seu veículo. Depois de tudo, resolvido seguimos a Cascavel onde pernoitamos.
11° dia – 20/07/06 – 20 horas
Foi o horário que chegamos sãos e salvos para Novo Hamburgo. Fomos recepcionados com champanhe e rodízio de pizzas no Garfão. Chegamos ao final da expedição, quando percorremos 4.726,9 quilômetros (quilometragem de GPS).