Recursos do PAC podem não ser suficientes para drama da falta de esgoto tratado, alerta especialista
A governadora Yeda Crusius foi a Brasília nesta quarta-feira para tratar da inclusão da recuperação ambiental do Rio dos Sinos no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Embora haja a previsão de recursos para o saneamento, especialista entende que a verba poderia ser melhor aplicada.
Para o engenheiro Silvio Klein, ex-presidente da Comusa e atual membro do Comitê de Preservação, Gerenciamento e Pesquisa da Bacia do Rio dos Sinos (Comitesinos), é preciso investir em tratamento de esgotos antes do ponto crucial da mortandade (na foz do arroio Portão, em São Leopoldo).
“Temos conhecimento de que a solicitação de recursos que o governo estadual encaminhou ao Governo Federal tem concentração maior na porção baixa do Sinos, ou seja, na jusante de São Leopoldo e Portão”, diz.
Segundo ele, a aplicação da verba traria maior benefício para o rio se o esgoto sanitário começasse a ser tratado a partir da elevada contribuição doméstica que é despejada desde Campo Bom, e que atinge carga máxima em Novo Hamburgo, na foz dos arroios Pampa e Luiz Rau.
Klein entende que, desta forma, seria beneficiado o trecho do rio que, segundo os índices de controles da Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam), apresenta a maior concentração de esgotos domésticos. No entanto, ele ressalta que é muito bem-vindo qualquer recurso para a bacia do Sinos.
O engenheiro concorda que a inclusão do Rio dos Sinos no PAC vem com um certo atraso, considerando que se passaram 9 meses desde a mortandade de 90 toneladas de peixes, em 7 de outubro do ano passado, sem que nenhuma atitude mais prática tenha sido tomada para evitar uma nova tragédia.
R$ 448 milhões
A reunião da governadora Yeda Crusius com a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff e com o ministro das Cidades, Márcio Fortes, aborda uma proposta de ampliação de recursos do PAC para investimentos no Rio Grande do Sul;
Durante o programa Conversa com a Governadora, da Rádio Piratini, Yeda disse que a expectativa é definir R$ 448 milhões para o saneamento, dos quais R$ 301 milhões para a criação de rede de esgoto das bacias dos rios dos Sinos e Gravataí e R$ 147 milhões para as bacias em Rio Grande, Santa Maria, Passo Fundo e Guaíba.
Segundo Yeda, esses valores foram apresentados ao governo federal em março. Em maio, houve um reforço destas solicitações em outro encontro com a ministra Dilma Rousseff.