Estudo aponta que Brasil precisa investir em educação para reduzir número de jovens em situação de risco
A falta de investimento nos jovens, especialmente na educação, pode fazer com que o Brasil deixe de ganhar R$ 300 bilhões nos próximos 40 anos. Isso é o que a juventude poderia produzir no país se não deixasse de estudar e ingressasse no mercado de trabalho. O diagnóstico é do relatório Jovens em Situação de Risco no Brasil, divulgado nesta segunda-feira pelo Banco Mundial.
Segundo a coordenadora do estudo, Wendy Cunningham, o objetivo é auxiliar o trabalho conjunto entre o Banco Mundial e o governo brasileiro na definição de estratégias de investimento nos setores mais pobres e mais vulneráveis do país.
Ela destaca que o investimento em educação é fundamental para que o Brasil diminua o número de jovens em situação de risco. “A educação tem um efeito também nos outros comportamentos, como violência e uso de drogas drogas. Um investimento nas crianças de até 5 anos de idade tem impacto na violência juvenil, além de resultar em menos desemprego, mais renda e menos uso de drogas”.
Como o leque de situações de risco é muito extenso, é difícil medir o número de jovens envolvidos em alguma delas, segundo Cunningham. No entanto, ela cita que 20% dos jovens com idade entre 14 e 15 anos não estudam nem trabalham.
Além disso, jovens entre 15 e 24 anos de idade são responsáveis por 47% do desemprego nacional. Em relação à violência, 40% dos homicídios registrados ocorrem entre homens com idade entre 15 a 24 anos. E quase a metade dos homens começa a vida sexual antes 14 anos.
O documento, resultado de um estudo de quatro anos com jovens de todo o país, aponta também que cerca de 60% dos brasileiros entre 15 e 19 anos exercem trabalho não remunerado ou sem carteira assinada. Os números caem para 33% nos grupos entre 20 e 24 anos. As chances de os jovens brasileiros estarem desempregados são 3,7 vezes maiores que as dos adultos.
Em relação à violência, a estimativa é que os jovens violentos custem R$ 33 milhões por ano à economia brasileira e R$ 5 bilhões para si mesmos e para suas famílias.
Outro ponto levantado são as causas que levam os jovens a adotar comportamentos de riscos. Segundo o relatório, esses jovens tendem a apresentar baixa auto-estima, baixos níveis de espiritualidade, abuso físico, sexual ou psicológico por membros da família ou por alguém da sua comunidade, falta de confiança nas instituições locais, sentimento de limitações impostas por seu gênero, pobreza e sentimento de ser um “deslocado” na escola.
Em relação às políticas públicas necessárias para atender aos jovens em situação de risco, o Banco Mundial sugere, entre outras ações, que seja desenvolvida uma estratégia de investimentos para a juventude; a inserção das crianças e jovens na escola, enfocando a permanência no ambiente escolar; a expansão da oferta de programas para a primeira infância e a promoção de programas que facilitem a transição entre a escola e o trabalho, no caso de jovens em situação de risco.
Segundo Cunningham, o estudo constatou que é comum verificar a existência de mais de um comportamento de risco em cada jovem. “Há uma conexão entre os comportamentos, se uma pessoa tem um comportamento de risco, possivelmente, terá vários”.
Em comparação com outros países da América Latina, a coordenadora do estudo diz que o Brasil já investe muito nos jovens, especialmente na área da saúde sexual, mas ainda tem espaço para fazer mais.
De acordo com o Banco Mundial, jovens em situação de risco são pessoas que, pela presença de determinados fatores em suas vidas, podem ser levadas a assumir comportamentos ou experimentar eventos danosos para si mesmas e para a suas sociedades. Entre os comportamentos de risco estão evasão escolar, ociosidade, uso de drogas, violência, iniciação sexual precoce e práticas sexuais arriscadas. O relatório considera como jovens pessoas entre 15 e 24 anos.
Fonte: Agência Brasil