Trabalho de inclusão social promovido pela empresa fez com que o deficiente auditivo Daniel Backes participasse e ganhasse o concurso de talentos
Inspirados no quadro apresentado, semanalmente, no Domingão do Faustão, a Vega promoveu o concurso “Gari nos 30” e contou com mais de 20 participantes. O vencedor, no entanto, se destacou além de sua apresentação. Daniel Backes já era um grande vencedor.
O gari de 39 anos trabalha há quatro com serviços de varrição. Atualmente, atua como responsável pelos serviços gerais no pátio da companhia, em Novo Hambrugo. Backes venceu o concurso com uma apresentação simples, mas emocionante. Ele leu palavras que apareciam no telão. Nada muito complicado, se não fosse o fato dele ser deficiente auditivo de nascença.
Daniel ficou sabendo do concurso no início do ano e resolveu participar. Ativo e bem-humorado, tem uma noção básica de leitura, o que pode ter facilitado sua evolução em termos de fala. Ele começou com palavras e agora já começa a elaborar frases.”Ele identifica objetos e tem uma leitura labial muito boa. Quem sabe no próximo ano ele possa fazer até melhor”, diz o fiscal de área Márcio de Lima, 28 anos.
Na apresentação, elaborada pelos colegas, uma série de palavras como “foca”, “faca”, “fofoca” e “bicicleta” fizeram parte dos slides. A habilidade de falar cada vez melhor ainda está em construção, mas Daniel não se abala. Os objetos e sinais são suas armas para se comunicar. Para ler, utiliza o método braile, o mesmo utilizado por deficientes visuais. “Não lembro de ter sofrido preconceito e isso me dá força”, conta Backes.
O fiscal Márcio enaltece o trabalho de inclusão realizado pela Vega em prol dos portadores de necessidades especiais. Ele ainda ressalta que as restrições físicas não os impedem de executar o trabalho com qualidade. “Há bons e maus funcionários em qualquer lugar. E com os portadores de necessidades especiais não é diferente”, diz.
Daniel Backes é apontado pelos colegas como o exemplo do bom funcionário. Antes de trabalhar na Vega, Daniel realizou serviços com a carteira assinada apenas numa indústria calçadista. Nunca ficou desempregado.
O colega Márcio entrega a boa organização e disposição do gari.”Às 7 horas, o material deve estar todo pronto e é ele quem organiza. Isso porque ele é ágil. Se deixarmos, ele acaba todo o serviço em uma manhã”, destaca o fiscal.