Setor vive uma de suas piores crises e cobra medidas práticas e a intervenção junto ao Planalto
Uma reunião de entidades do setor calçadista com o Governo do Estado nesta segunda-feira terminou sem grandes perspectivas de mudanças. Embora a governadora Yeda Crusius tenha manifestado solidariedade ao setor, e afirmado que irá apoiar o segmento, o auxílio proposto talvez seja ineficiente, devido à gravidade da situação.
Yeda garantiu que se aliará na pressão junto ao Governo Federal, já que a política cambial é o principal entrave para a sobrevivência do setor. A outra medida, na verdade, foi uma promessa: fazer o que estiver ao alcance do Estado para amenizar a situação.
“A indústria calçadista é a maior empregadora de mão-de-obra gaúcha e tem feito um esforço doloroso para se modernizar. Mas com o câmbio como está, ficou praticamente impossível sobreviver e continuar exportando”, afirmou o secretário de Desenvolvimento e dos Assuntos Internacionais, Nelson Proença, que também participou do encontro.
Embora não tenha definido nenhuma nova ação prática no encontro desta segunda, Proença garante que as medidas sairão do papel. O Governo do Estado deve discuti-las com o Comitê Setorial do Couro e do Calçado, lançado em abril deste ano. A intenção é procurar meios de desenvolvimento da indústria coureiro-calçadista.
O Comitê aguarda uma reunião com Luciano Coutinho, presidente do Banco Naconal de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que está encarregado pela equipe econômica da presidência da República para elaboração de um plano emergencial de socorro aos exportadores. Uma das sugestões a serem levadas é a redução tributária ou de encargos trabalhistas, o que foi negado nesta segunda-feira pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega.
Proença indicou que o Estado estuda a viabilidade de linhas de financiamento aos interessados em conquistar novos mercados ou investir em inovação e modernização tecnológica. Também deve ser examinada a possibilidade de diminuir a contenção de créditos de exportação ao setor calçadista, que é a principal reivindicação em âmbito estadual dos empresários.
O governo ainda quer procurar os fornecedores da Reichert Calçados, de Campo Bom, que anunciou a desativação de unidades no Estado, eliminando cerca de 5 mil postos de trabalho. “Vamos tentar enquadrar os fornecedores em alguns outros nichos exportadores, para atenuar o desemprego que o fechamento das fábricas vai provocar”, adiantou Proença.
Presente na comitiva que se reuniu com o Governo do Estado nesta segunda-feira, a presidente da Associação Comercial, Industrial e de Serviços (ACI), de Novo Hamburgo, Fátima Daudt, confirmou a importância do comitê, mas ressaltou que devem ser buscadas medidas emergenciais e resultados.