Índia agora produz calçados e é o novo parceiro do Brasil. Mas será que isto é bom ou ruim?
O comércio entre o Brasil e a Índia é o assunto do momento no meio empresarial. Apontando prós e contras, representantes de entidades importantes no setor coureiro-calçadista falam ao novohamburgo.org sobre este novo parceiro de relações comerciais. Recentemente, o próprio presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, fez uma visita ao país para tratar da “aliança” com o Brasil.
O consultor da Abicalçados (Associação Brasileira das Indústrias de Calçados), Enio Klein, acredita que a Índia será a próxima pedra no sapato quando se trata de concorrência com empresas calçadistas brasileiras, especialmente aqui no Vale dos Sinos.
“Hoje em dia, a Índia é o segundo maior produtor de calçados, mas não exportam muito, devido a problemas com logística. Porém, eles têm muita disponibilidade de mão-de-obra e matéria-prima, além de salários talvez ainda menores que os da China”, argumenta Klein.
A consultora de negócios internacionais da Assintecal (Associação Brasileira de Empresas de Componentes para Couro, Calçados e Artefatos), Ariane Almeida, no entanto, considera que é uma ótima oportunidade e um benefício para o Brasil.
“Para o nosso setor que produz máquinas e componentes, o crescimento desse mercado é ótimo. Eles precisam importar esse tipo de material, já que não produzem internamente. As grandes empresas que fabricavam na Europa, migraram para a China, que ainda peca quando se trata de qualidade. Nesse contexto, o Brasil é a grande opção para importar componentes”, valoriza Ariane.
Além disso, ela observa que a Índia tem diferenças significativas em relação à China. “A Índia preserva muito a questão da geração de empregos. E as empresas indianas não têm essa produção em escala tão grande como a China. Eles ficaram com o mercado de calçados com valor médio (entre US$ 10 e US$ 15)”, define.
“A China trabalha com o calçado de baixo custo e o Brasil com o calçado que leva maior valor agregado, pois felizmente temos um ótimo mercado interno para isso. A Índia está para a Europa como a China para os Estados Unidos”, finaliza a consultora da Assintecal.