novohamburgo.org – O seu pai motivava o senhor a estudar?
Enio- Sim porque eu era filho único. O Ginásio Pindorama começou nos anos 50. Eu fui da primeira turma ai do Ginásio Pindorama de 1951 a 1954. E depois no Colégio Sinodal tive a grande sorte da minha vida de ter excelentes professores. Isto foi muito importante na minha visão de mundo. E nesta época, em 1950, o então pastor Bommer trouxe dois professores da Alemanha para ensinar os alunos. Já em línguas, humanismo e mesmo em ciências eu tive um professor alemão e isto foi muito importante na minha formação. Para se ter uma idéia eu tive um professor PHd alemão que veio dar aula de latim na primeira série ginasial. Teve outro profissional do exterior que dava aula de francês e inglês.
novohamburgo.org – E depois professor?
Enio –
Depois tive excelentes professores no Sinodal e também na faculdade de filosofia. A UFRGS tinha um convênio com a França que enviava professores para dar aulas por aqui. Na seqüência, no curso de administração, também na UFRGS, eu tinha professores que tinham feito doutorado na Alemanha. Então a minha formação acadêmica foi muito rica. Ai, na seqüência eu fui fazer estágio no Curtume Silveira onde eu comecei minha vida em busca de conhecimentos para entender bem o setor. O Curtume Silveira funcionava onde hoje é a empresa Tumelero. Era um empreendimento que trabalhava as peles de cabra e ovinas. Naquela época eu já tinha 26 anos e tinha acabado as faculdades de Letras e de Administração de Empresas e também já havia casado. O curso de bacharelado e licenciatura em Letras com conhecimento em português, latim, italiano, francês e espanhol eu conclui com 22 anos. E aos 26 anos eu concluía a faculdade de Economia e Administração.
novohamburgo.org – Como o senhor foi trabalhar com o mercado exportador?
Enio – Esse conhecimento de línguas é que me garantiu a permanência aqui no Vale do Sinos. Quando os empresários locais começaram a realizar com mais intensidade as exportações de calçados e de couros eu era um dos poucos aqui de Novo Hamburgo que tinha conhecimento para atender esse pessoal que vinha de fora. E ai eu fui trabalhar na Fenac. Que por sua vez, na época, tinha uma comissão de mercado externo que tinha a incubência de receber compradores mesmo em épocas que não eram de feira. Isto tudo me levou a conhecer bem o setor e dominar logo os trâmites da exportação. Ai eu trabalhei depois com os americanos.
Com um estágio no Curtume Silveira eu comecei minha vida em busca de conhecimentos para entender bem o setor coureiro-calçadista.
novohamburgo.org – Foi neste momento de sua vida que o senhor passou a trabalhar como agente de exportação?
Enio – Exatamente. Durante sete anos eu trabalhei muito e consegui fazer um lastro financeiro. Mas ai eu acabei enjoando de trabalhar com americanos, porque trabalhar com eles é duro. Você tem que trabalhar finais de semana e feriado. E ai de noite ainda dava aulas na Unisinos. Isto foi sempre importante. Eu consegui unir o mundo acadêmico com o empresarial. Claro no início eram quatro noites por semana e depois já estava com apenas uma cadeira por semana. Na Unisinos eu fui professor de marketing internacional, do curso de Comércio Exterior, o qual eu ajudei a criar. Então eu sempre unia o mundo acadêmico e o empresarial. Unia os dois lados e isso me dava essa projeção que me permitiu em 1991 que eu escrevesse um estudo para as Nações Unidas, em 1991, sobre a “Competitividad em la Industria de Calzados”. Também me projetou para ocupar cargos de diretor da Escola do Calçado, da Fenac, superintendente do Centro Tecnológico do Couro e numa série de entidades de apoio ao setor.