novohamburgo.org – Como aconteceu seu retorno a militância partidária?
Ruy Noronha – Achei que era chegado o momento de buscar um sonho, muito antigo, mas sempre adormecido de praticar muitas coisas que sempre preguei, que sempre achei mais adequadas ou melhores. Hoje é muito complexa uma administração municipal porque você tem controladores, que estabelecem limites. Eu sou um dos poucos que tem conhecimento de como reformular a administração dentro dos limites da legalidade. Você tem obrigações do que gastar. Do que não gastar. E ao longo de 30 anos acabei interagindo com vários prefeitos de vários municípios e agremiações partidárias, muitas vezes sentando e discutindo tornar exeqüível um determinado projeto, programa, uma ação.
novohamburgo.org – O senhor acha que o gestor público deve ser um técnico?
Ruy NoronhaSim, porque senão você não consegue. Sempre que você prioriza uma gestão política, você não consegue alcançar de forma satisfatória ou o tanto quanto poderia seus objetivos de gestão. Você faz política na campanha política. Acho que o objetivo das alianças, por exemplo, deve ser somar objetivos. Mas quando você assume uma administração, esse grupo deve ser de execução. Essa gestão de recursos, arrecadação, deve retornar de forma adequada para a população. Muitas vezes você observa políticos que não tem aptidão ou capacidade técnica. Tivemos um ministro da fazenda médico que se mostrou um excelente administrador, independente da linha que foi seguida. Você não consegue se desvincular do caráter político, mas deve se sobressair o administrador, o gestor.
“Deve haver uma busca conjunta entre todas as agremiações partidárias em prol da comunidade”
novohamburgo.org – De que forma o senhor avalia a corrida pela prefeitura municipal?
Ruy Noronha
– Hoje a disputa está polarizada. O que estamos fazendo é procurando apresentar uma opção. Uma apresentação voltada para a comunidade. Fazer dessa uma cidade viva! Estamos caminhando pelos bairros e conversando com as pessoas. Existe tanta coisa para fazer. Não existe saneamento. Novo Hamburgo vive em cima de uma grande cloaca. Hoje, nosso lençol freático está prejudicado. A saúde preventiva é fácil e muito mais barata, além de trazer qualidade de vida para a população. Dentistas. Controle alimentar. Existe muita coisa para fazer e é possível fazer. Tem que ter vontade. Eu apresentei um esboço do plano de governo que gostaria de implementar na cidade. O programa é bastante amplo e está sendo discutido internamente. É inadmissível unidade de saúde que feche no final da tarde. Canudos merece um pronto-socorro. O antigo fórum, por exemplo, pode ser adequado, adaptado, transformado em um pronto-socorro. Agentes de saúde com atuação permanente. Farmácias comunitárias e com atendimento noturno. É possível. Existe a guarda municipal. Farmácia popular. Estamos trabalhando nisso. Está só no vamos ver. Os programas que o governo federal disponibiliza, mesmo que seja só de uma parte do valor, são programas abertos a qualquer prefeitura. E são excelentes opções.
novohamburgo.org- Essa crítica é feita por muitas pessoas: por que São Leopoldo parece um canteiro de obras e para Novo Hamburgo temos bem menos verbas liberadas? Isso é uma questão dos partidos que estão no poder ou é uma questão de falta de projetos?
Ruy Noronha – Nós conhecemos a área de projetos da prefeitura. Alguns projetos liberados recentemente foram elaborados na administração anterior. Prefeituras menores têm tido muito sucesso em elaborar projetos adequados a sua realidade e viabilizar sua aprovação rapidamente. Mesmo sendo de partidos que não fazem parte da base do governo.
novohamburgo.org – E esse seria um problema já que o partido do prefeito faz parte da base do governo?
Ruy Noronha – Aí é um pouco diferente. Em Brasília a realidade é outra. As questões políticas são bem diferentes. Outras prefeituras conseguem aprovação de projetos por encaminhamentos rápidos, agilidade em seus processos. Me parece que falta um pouco de qualificação no desenvolvimento desses projetos e sintonia com o Governo Federal para ver quais são as exigências técnicas. Mas é lógico que as prefeituras do mesmo partido do presidente, provavelmente, terão maior êxito na busca de recursos. De qualquer sorte, deve haver uma busca conjunta entre todas as agremiações partidárias em prol da comunidade. Eu vejo os deputados e senadores do Nordeste, que na hora de buscar complementação orçamentária, o fazem em conjunto, independente de partidos. Nossos deputados, muitas vezes são muito individualistas. Certamente São Leopoldo tem alguns programas ou algumas verbas diferenciadas em razão da questão partidária. Novo Hamburgo tem algumas verbas destinadas na área de saneamento, por exemplo.